INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA GEOGRAFIA DA INDÚSTRIA
Conceituação: Indústria, Industrialização e Geografia da Indústria.
Indústria
A indústria é o” conjunto de operações realizadas pelo homem para transformar matérias-primas em bens elaborados, destinados ao consumo”.
Para COELHO & TERRA (2002:310), Indústria “é a actividade por meio da qual os seres humanos transformam matéria-prima em produtos semi-acabados ou acabados”.
Indústria é uma actividade que consiste na elaboração de objectos úteis, bem como a utilização das matérias-primas e contempla a utilização de meios mecânicos e uma produção em larga escala.
Ainda, pode-se definir a indústria como sendo a actividade económica de transformação de recursos naturais ou matéria-prima (produtos brutos ou semi-elaborados) em novos produtos (intermédios ou acabados), mediante a aplicação de energia e técnica de elaboração, que podem ser rudimentares ou avançadas.
Industrialização
A industrialização pode ser definida como sendo o “processo de criação de uma quantidade cada vez mais maior de indústrias, que acabam por constituir o sector mais importante/motor da economia.
Ainda, podemos definir a industrialização como sendo o desenvolvimento espacial e tecnológico da indústria.
Neste contexto, a revolução industrial pode ser considerada como um dos aspectos da industrialização.
Geografia da Indústria
Geografia da indústria é um ramo da Geografia humana que se dedica no estudo da origem, evolução, classificação e distribuição espacial dos processos de transformação dos recursos naturais/matéria-prima em novos produtos podendo ser acabados ou semi-acabados.
Objecto e objectivos
A geografia tem como objecto de estudo a distribuição espacial da actividade industrial.
Os objectivos da Geografia da Indústria resumem-se em compreender as especificidades do fenómeno industrial e as repercussões sociais e espaciais nas mais diversas escalas. Cabe à Geografia da Indústria explicar a distribuição da indústria, destacando os seus factores e sua influência nos modos de organização social.
O lugar da Geografia da Indústria no sistema de ciências Geográficas.
A Geografia da indústria é considerada como um ramo da Geografia Humana ou socioeconómica.
Contudo, A disciplina de Geografia da Indústria está muito associada a diversas outras disciplinas, como Geografia Económica, Geografia Política e Geografia da População, devido o fenómeno industrial ter reestruturado não somente a economia mundial, mas também toda uma configuração espacial.
AS GRANDES ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL ATÉ À REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
IDADE PRIMITIVA
A arte de transformar matérias-primas em objectos úteis terá começado com a simples operação de partir uma pedra, ou seja, a transformação de pedra lascada em pedra polida (aguçada) que servisse de arma para caça, protecção, fiação e obtenção de raízes; a fabricação de barro para a modelação, a simples fundição de metais.
Neste período de Paleolítico, o homem emprega técnicas rudimentares de fabricação de instrumentos de trabalho de caça e pesca na base de trabalho manual sobre pedras, paus, ossos de animais, chifres de alguns animais para obter ferramentas capazes de furar, cortar ou raspar madeira ou peles e utensílios pontiagudos destinados também para cavar, havia pelo menos, nestes instrumentos uma preferência de utensílios especializados – predominaram as indústrias líticas associadas às técnicas manuais.
O período Neolítico (período de sedentarização do homem) é caracterizado por uma considerável extensão e aperfeiçoamento das técnicas primitivas. O homem pratica a metalurgia com a fundição de metais (cobre, bronze e ferro) e produz instrumentos de trabalho tais como a enxada, catana, foice, machado, ancinho, charrua e o arado – dão-se os primeiros passos da indústria, isto é, surgem novas formas de produção industrial, a cerâmica, a cestaria, a tecelagem e a moagem que tinham em vista suprir as necessidades domiciliares ou familiares.
Nos princípios do 4o milénio a.C. em viários pontos do Próximo Oriente os homens descobriram a metalurgia de cobre, bronze e depois de ferro. A fundição de metais pressupõe o uso corrente de um conjunto de técnicas produtivas e tornou possíveis os primeiros passos no sentido da produção em massa.
Com a descoberta da metalurgia desenvolvem-se as civilizações históricas da Antiguidade e inicia-se a revolução urbana. As cidades dirigem o comércio, as actividades artesanais, a vida social, política e religiosa. Os progressos da metalurgia, especialmente da metalurgia de ferro melhoraram as técnicas antigas e iniciaram mesmo as técnicas novas. Aparecem simultaneamente objectos de ferro desde o Egipto à Mesopotâmia e ao vale do Indo.
O Mediterrâneo Oriental e a Ásia Ocidental possuíam a complicada e poderosa utilização da fundição e da forja.
Antiguidade Clássica (Grécia e Roma)
A intervenção decisiva do pensamento matemático e científico, entre os factores do progresso industrial, realizou-se na Grécia, com a criação da mecânica racional. As ideias técnicas descobertas pelos gregos têm um enorme alcance industrial e é mesmo sobre elas que assenta uma boa parte da potência mecânica moderna. Destas ideias uma das mais fecundas foi a do parafuso, de onde nasceram inúmeras invenções, é pela adaptação do parafuso à porca que se constitui a chamada cavilha de ligação ainda hoje indispensável à técnica moderna.
No império Romano, as minas e pedreiras encontravam-se quase todas na posse do estado, que delas tirava grandes rendimentos, em parte devido à utilização quase que exclusiva de mão-de-obra escrava, ou muito mal remunerada.
A produção artesanal descentraliza-se no século II; A cerâmica estava difundida por todas as províncias devido às exigências domésticas dos colonos e depois das necessidades das populações locais.
A indústria têxtil é, no entanto, mais activa no Oriente (corporações da Ásia Menor, oficinas do estado no Egipto).
A metalurgia predomina no império Romano, onde as oficinas são em muitos casos propriedades dos grandes agricultores locais, destinando-se a produção à satisfação das próprias necessidades e os excedentes ao mercado.
IDADE MÉDIA
A primeira parte da idade média caracterizou-se pela pequena indústria de domicílio. O trabalho realizava-se em família e não em oficina comum. Normalmente trabalhava-se para um mercado reduzido, numa economia de produção para auto consumo.
As actividades comerciais e industriais diminuem, a pequena produção contava com escasso capital, com instrumentos rudimentares e inseria-se numa economia fechada, em que os produtores trocavam os produtos entre si.
A uma economia natural sucede uma economia comercial e monetária apoiada no desenvolvimento do consumo, nos progressos técnicos, na evolução dos meios de transportes terrestres e marítimos, nas feiras e nas cidades.
O grande volume de negócios fez modificar profundamente as técnicas de produção. Surge a indústria de ofícios que reuniu, no mesmo local, aprendizes. Companheiros e mestres e onde regulamentos rígidos determinavam a produção e a organização do trabalho, visando o interesse dos produtores e consumidores.
Entre 1500 e 1600 surge um novo tipo de indústria: indústria de manufactura – de trabalho colectivo e com divisão de tarefas, com o consequente aumento de produtividade. É neste tipo de indústria que surge pela primeira vez, o operário especializado, cabendo a cada um uma tarefa específica que com o decorrer do tempo, se aperfeiçoa automatiza nas diferentes operações de transformação, resultando um produto a baixo custo.
Surge aqui a burguesia e o capital como principais investidores e, não raramente, o Estado como principal administrador. É a indústria de manufactura que prepara o advento da verdadeira actividade industrial: a indústria moderna.
RENASCIMENTO
Neste período, regista-se a emergência da manufactura o aperfeiçoamento da mecânica racional, o melhoramento dos ofícios e os trabalhos da metalurgia cada vez mais evidência. Como resultado destas ocorrências vai-se verificar as Revoluções: demográfica, urbana, de transportes e agrícola.
Nota-se a existência de duas correntes a constituírem bases económicas: o mercantilismo e o fisiocrático. A corrente mercantilista defende que o comércio era a base da economia de um país, enquanto o fisiocratismo defende que a riqueza de um país provém da terra (agricultura).
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL – A INDÚSTRIA MODERNA
A Revolução Industrial é um marco na história da evolução da humanidade. Em meados do século XVIII dá-se uma alteração sem precedentes nos campos da tecnologia e da técnica que se viria a repercutir em toda a vida económica e social dos países onde essa eclosão teve lugar: primeiro na Inglaterra, depois na França, Alemanha e Bélgica.
O conceito da Revolução Industrial pode ser tomado como conjunto de modificações profundas de ordem técnica e tecnológica, económica, institucional e político-social que acompanharam o desenvolvimento industrial, com destaque para a invenção da máquina a vapor.
Em suma, os actuais processos de transformação da matéria-prima em produtos elaborados não são os mesmos dos períodos primitivos. Eles passaram por diferentes estágios de aperfeiçoamento.
Artesanato: estágio mais primitivo, sem divisão do trabalho (o artesão faz sozinho), com trabalho manual (sem emprego de máquinas mas há uso de ferramentas simples). Ex.: produção artesanal do sapato (curte o couro, corta-o, faz a sola/salto, prega, pinta, etc.)
Manufactura: na europa (séc. XVI-XVIII), usa máquinas simples e há divisão do trabalho/especialização (cada trabalhador ou grupo de trabalhadores faz trabalho diferente), cada tarefa complementa a outra para se obter o produto final.
Maquinofactura: desde a Revolução Industrial (segunda metade do séc. XVIII, há grande divisão do trabalho e especialização do trabalhado, uso de máquinas movidas por diferentes formas de energias e são os elementos fundamentais da produção. A habilidade humana complementa a máquina (importa saber fazê-la funcionar. Produção em série padronizada.
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