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DIDÁCTICA GERAL


1. Introdução a Didáctica Geral

A Didáctica como ciência surgiu aproximadamente a 300 anos. Para além de ser ciência autónoma, ela é um dos ramos da Pedagogia e, utiliza esta ciência como base de sustentabilidade. Ela surgiu na Grécia Antiga entre os séculos XVI- XVII

Segundo MONJANE, DAVUCA e ROMÃO (1999:02), “a palavra Didáctica foi empregue pela primeira vez, com objectivo de ensinar em 1627, por RATKE no seu livro Principais Aforismos Didácticos. A palavra didáctica vem do grego “didaktike” que quer dizer arte de ensinar. O termo foi consagrado por João Amos Comenuis na obra “Didáctica Magna”, publicada em 1655.

Etimologicamente a didáctica tem sentido em dois ângulo: 1˚ os gregos chamam didaktike – “Ensino”; 2˚ pode ser vista como didasko- eu ensino.

De acordo com NÉRICI (1991:16), didáctica vem, etimologicamente, do grego “didaktike” (ensinar), tékne (arte), isto é, arte de ensinar, de instruir.

Didáctica é a ciência e arte de ensinar. É ciência enquanto pesquisa e experimenta novas técnicas de ensino com base, principalmente, na Biologia, Psicologia, Sociologia e Filosofia. Ela como um corpo consistente de conhecimento traz leis, princípios e teorias de ensino. É Arte, quando estabelece normas de acção ou sugere formas de comportamento didáctico com base nos dados científicos e empíricos da educação, porque a didáctica não pode separar-se da teoria e prática. Enquanto arte, aborda aspectos de como ensinar, a sua aplicação concreta.

 

 

1.1.Conceitos da Didáctica

LIBÂNEO (1994:25-26), a “Didáctica é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino”. A ela cabe converter objectivos socio-políticos e pedagógicos em objectivos de ensino, seleccionar conteúdos e métodos em função desses objectivos estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento da capacidades mentais dos alunos.

 

NÉRICI (Op.cit:17), Didáctica é “o conjunto de recursos técnicos que tem em mira dirigir a aprendizagem do educando, tendo em vista leva-lo atingir um estado de maturidade que lhe permita encontrar se com a realidade circundante, de maneira consciente equilibrada e eficiente em agir como um cidadão participante e responsável”.

 

Para MONJANE, DAVUCA e ROMÃO (1999:02), a Didáctica pode ser definida em dois sentidos:

- Didáctica no sentido Amplo, que se preocupa somente com os procedimentos que levam o educando a aprender algo. Não tem conotações sócio-morais.

- Didáctica no sentido Pedagógico, no entanto, apresenta compromissos sócio morais de aprendizagem do educando, que é o de visar a formação de cidadãos conscientes, eficientes e responsáveis.

 

1.2.Objecto de estudo da Didáctica Geral

 

Como podemos ver, a Didáctica Geral para além de ser um ramo da Pedagogia, ela é uma ciência que tem como objecto de estudo o processo de Ensino e Aprendizagem. Podemos assim dizer que, o objecto da Didáctica no seu conjunto, inclui: os conteúdos dos programas e dos livros didácticos, os métodos e formas organizativas do ensino, as actividades do professor e dos alunos e as directrizes que regulam e orientam esse processo.

 

Porque estudar o processo de ensino? Como sabemos, a educação escolar é uma tarefa eminentemente social, a didáctica não apenas permite que os alunos dominem os conteúdos mas, também, diz como faze-lo, isto é, investigando objectivos e métodos seguros e eficazes para assimilação dos conhecimentos.

 

 O processo de ensino e aprendizagem, revela uma sequência de actividades do professor e dos alunos, tendo em vista a assimilação de conhecimentos e desenvolvimento de habilidades, através dos quais os alunos aprimoram capacidades cognitivas (pensamento independente, observação, análise-síntese e outras).

 

A Didáctica investiga as condições e formas que vigoram no ensino e ao mesmo tempo factores reais (sociais, político, culturais, psicossociais) de condicionamento das relações entre a docência e a aprendizagem. Ou seja, destacando a instrução e o ensino como elementos primordiais do processo pedagógico-escolar.

 

1.3. BREVE HISTORIAL DA DIDÁCTICA GERAL

 

O desenvolvimento da Didáctica obedece a evolução das sociedades humanas. Na sua origem, nas primeiras fases da história da humanidade, ela consistia em instruções, esclarecimentos sobre os comportamentos, técnicas e experiências relacionadas com actividades básicas da caça e da aquisição de alimento.

 

1.3.1. Sociedade Primitiva

 

Nas comunidades primitivas os jovens passavam por um ritual de iniciação para ingressar nas actividades do mundo adulto. Pode-se considerar esta fase uma forma de acção pedagógica, embora aí não esteja presente o “didáctico” como forma estruturada de ensino.

 

A educação duma geração para outra, nesta fase, era feita na base de imitação aos mais velhos. Esta imitação primeiramente era feita de maneira inconsciente, isto é, a criança aprendia na actividade prática. Depois, a imitação passou a ser consciente,isto é a criança passa a imitar actividades dominantes. Neste período a didáctica caracterizava-se por uma instrução sem classes, isto é, ninguém era excluído da educação mas, na altura, a educação não tinha bases científicas.

 

1.3.2.        Sociedade Esclavagista

Nesta fase, a instrução tinha um carácter de classes com ideias pedagógicas transmitidas por escrito. Era uma educação transmitida aos filhos dos esclavagistas e regentes.

 

Inicialmente, esta educação não tinha bases científicas, eram colectâneas de ideias, apontamentos dos grandes filósofos e da classe dominante. Depois foram surgindo as concepções materialistas e idealistas protagonizadas pelos seguintes filósofos: SÓCRATES, PLATÃO, ARISTÓTELES E DEMÓCRITO.

 

1.3.3. Sociedade Feudal

Aqui a pedagogia estava ligada á igreja (católica), os membros dessa igreja é que elaboravam as teorias e técnicas pedagógicas, dogmáticas e fanáticas viradas para os interesses da religião.

 

A transmissão de conhecimento era efectuada na base de métodos dogmáticos, onde se exigia a pura memorização dos conteúdos e leitura de textos bíblicos. É neste período onde surgem pela primeira vez as Escolas (na forma clássica: espaços de interacção entre o mestre e os discentes e tempo determinado para essa interacção), as Universidades e as Bibliotecas.

 

1.3.4. Sociedade Capitalista

Com a revolução técnico-científica introduziu-se novas e maiores exigências sobre o saber. Face a estas necessidades surgiu uma outra que é a formação de pessoas com capacidades de instruir outras através de métodos e meios científicos que possam responder as exigências da sociedade. Assim, a escola se torna uma instituição, o processo de ensino passa a ser sistematizado conforme níveis tendo em vista a adequação das possibilidades das crianças de acordo com as idades e ritmo de assimilação dos estudos.

 

A formação da teoria didáctica para investigar as ligações entre o ensino e a aprendizagem e suas leis ocorre no século XVII, quando COMÉNIO (1592-1670), um pastor protestante, escreve a primeira obra clássica sobre didáctica, a Didáctica Magna. A Pedagogia assim como a Didáctica foram se tornando cada vez mais autónomas. Para além de Coménio ter contribuído para autonomização das ciências acima mencionadas, existiram outros pensadores tais como:

- John Lock (1592-1670);

- Jean-Jacques Rousseau (1712-1827);

- John Henrique Pestalozzi (1746-1827); e,

- Émile Durkheim (1858-1917).

 

1.4. Objectivos da Didáctica

A Didáctica tem como objectivos possibilitar a realização mais eficiente do conceito da educação.

Para NÉRICI (1989:25), os objectivos da Didáctica podem ser expressos da seguinte maneira:

§  -Efectivar os propósitos do que se conceitua por educação;

§  -Tornar o ensino e, consequentemente, a aprendizagem mais eficiente;

§  Aplicar novos conhecimentos advindos das várias ciências que possam tornar o ensino mais consequente e coerente;

 

§  Orientar o ensino de acordo com a idade evolutiva do educando, de maneira a auxiliá-lo a desenvolver-se e a realizar-se plenamente, em função de seus esforços de aprendizagem;

§  Adequar o ensino às possibilidades e necessidades do educando;

§  Inspirar as actividades escolares na realidade, ajudar o educando a perceber o fenómeno de aprendizagem como um todo e não artificialmente, partindo em fragmentos;

§  Orientar a planificação das actividades de aprendizagem, a fim de que haja progressividade, continuidade e unidade para que os objectivos do ensino sejam eficientemente alcançados;

 

§  Orientar a organização dos trabalhos escolares para que sejam evitadas perdas de tempo e esforço inúteis;

§  Tornar o ensino adequado á realidade e ás necessidades do educando e da sociedade e;

§  Realizar um adequado acompanhamento e controlo consciente da aprendizagem a fim de que possa haver oportunidades, rectificações ou recuperações de aprendizagem.

 

1.5. Elementos da Didáctica

Os elementos da Didáctica aparecem para poder auxiliar esta ciência na sua função coordenadora do processo de ensino e aprendizagem ou processo de modificação do comportamento do educando. E, para isso, ela deve se valer dos seguintes elementos:

 

a)      Aluno:

O aluno é quem aprende, aquele para quem existe a escola. Assim sendo, claro que a escola deve adaptar-se a ele, e não ele a escola. Esta adaptação deve ser recíproca que marche para a integração, isto é, para a identificação entre aluno e escola. Deste modo a escola deve estar em condições de receber o aluno como ele é, segundo sua idade evolutiva e suas peculiaridades pessoais a fim de levá-lo, sem choques excessivos nem frustrações profundas e desnecessárias, a modificar seu comportamento em termos de aceitação social e crescimento da personalidade.

 

b)     Objectivos

Os objectivos têm em mira conduzir o aluno a determinados pontos, como por exemplo, a modificação de comportamentos, aquisição de conhecimentos e desenvolvimento da personalidade, etc. Nesta ordem de ideias, na classificação dos objectivos encontramos dois tipos de objectivos, tais como: objectivos educacionais ou gerais e objectivos instrucionais ou específicos.

 

c)      Professor

O professor é um dos elementos fundamentais do processo de ensino e aprendizagem. Ele é o orientador do ensino, é a fonte de estímulo que leva o aluno a reagir para que se processe a aprendizagem. Portanto, é dever do professor procurar entender os seus alunos.

 

d) Conteúdos

Os conteúdos constituem o veículo através do qual serão atingidos os objectivos da escola. Os conteúdos, de um currículo devem trabalhar o mais articuladamente possível com a realidade a fim de dar as actividades escolares um sentido de autenticidade e de vida real, para que os frutos da aprendizagem representem possibilidades de integração e actuação crescentes do educando na comunidade.

 

e)      Métodos e Técnicas de Ensino

Os métodos e técnicas de ensino são categorias fundamentais do ensino, que devem estar o mais próximo possível da maneira de aprender dos alunos, de modo a propiciar a actividade dos educandos.

 

Na aplicação dos métodos de ensino, o professor deve fazer com que o educando viva o que esteja sendo objecto de estudo e que pesquise o mais possível. Os métodos e técnicas de ensino devem propiciar oportunidades para que o educando perceba, compare, seleccione, classifique, defina, critique, isto é, que elabore por si o fruto da sua aprendizagem.

 

f)       Meios Geográficos, Económicos, Cultural e Social

Para que a acção didáctica se processe de forma ajustada e eficiente, é necessário levar em conta o meio em que funciona a escola, pois só assim ela poderá estar voltada para as reais exigências económicas, culturais, e sociais da comunidade.

 

Para além dos elementos acima mencionados, podemos encontrar meios auxiliares, Direcção da aprendizagem e Planeamento de ensino.

 

 

1.6. PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

 

Processo: é o caminho pelo qual o ensino percorre. Esse caminho é contínuo, cíclico, dinâmico que obedece etapas e fases.

 

Ensino: é o processo de transmissão e aquisição de conhecimentos que resulta da interacção entre duas ou mais pessoas das quais uma assume a tarefa de professor com finalidade de causar modificações de comportamento no aluno em vista, aquisição de habilidades, conhecimentos, atitudes, modificação de características da personalidade que ocorrem em estabelecimento de ensino institucionalizados, bem estruturados e planificados.

 

Aprendizagem: é uma actividade sistemática de aquisição de conhecimentos, habilidades, hábitos, convicções devidamente organizada e dirigida pedagogicamente em instituições específicas.

 

1.6.1. Características Básicas do PEA

O processo de ensino e aprendizagem é o conjunto de actividades organizadas do professor e dos alunos, visando alcançar determinados resultados (domínio de conhecimentos e desenvolvimento das capacidades cognitivas), tendo como ponto de partida o nível actual de conhecimentos, experiências e de desenvolvimento mental dos alunos. Consideremos algumas características desse processo:

 

§  O ensino deve ser considerado como um processo, porque caracteriza-se pelo desenvolvimento e transformação progressiva das capacidades intelectuais dos alunos em direcção ao domínio dos conhecimentos e habilidades, e sua aplicação. Por isso, obedece a uma direcção, orientando-se para objectivos conscientemente definidos; implica passos gradativos, de acordo com critérios de idade e preparo dos alunos. O desdobramento desse processo tem um carácter intencional e sistemático, em virtude do qual são requeridas as tarefas docentes de planificação, direcção das actividades de ensino e aprendizagem e avaliação.

 

§  O processo de ensino visa alcançar determinados resultados em termos de domínio de conhecimento, habilidades, hábitos, atitudes, convicções e de desenvolvimento das capacidades cognoscitivas dos alunos. Deste modo, o ensino une os dois aspectos, cuja  formação das capacidades e habilidades somente se efectiva em relação a conteúdo da matéria, ao mesmo tempo que a assimilação dos conteúdos requere o desenvolvimento dessas capacidades e habilidades.

 

§  O Processo de Ensino e Aprendizagem é um processo bilateral, pois combina a actividade do professor (ensinar) com actividade do aluno (aprender). Este processo faz interagir dois momentos indissociáveis: a transmissão e a assimilação activa dos conhecimentos e habilidades. Na transmissão o professor organiza os conteúdos e os torna didacticamente assimiláveis, promove as condições e os meios de aprendizagem, controla e avalia; entretanto, a transmissão supõe a assimilação activa, pois ensina-se para que os alunos se apropriem de forma activa e autónoma dos conhecimentos e habilidades;

 

§   O Processo Ensino e Aprendizagem têm Carácter Social; aqui, o ensino deve acompanhar a evolução histórica da sociedade ou sócio-económica dos pais, obedece os objectivos políticos ideológicos da classe no poder. Isto significa que o ensino dirige-se a partir de documentos científicos e estatais. Portanto, carácter social obedece a relação dialéctica entre educador e educando.

 

§  Carácter Educativo: consiste na transmissão de conhecimentos, habilidades, valores, convicções duma geração para outra;

§  Carácter Pedagógico: considera-se que o ensino aprendizagem assume aspectos pedagógicos por estes apresentarem leis, teorias, princípios gerais, sistematizados e organizados;

 

§  Carácter Didáctico: consiste na transmissão e assimilação de conhecimentos, habilidades, valores e convicções duma geração para outra respectivamente através de vias racionais que desenvolvem-se graças a actividade do educador e educando com propósito de alcançar os objectivos traçados.

 

1.6.2. Contradição do PEA

O Ensino e aprendizagem é um processo dialéctico que avança e se desenvolve com contradições por causa das particularidades organizacionais, metódicas e individuais, especificas dos intervenientes do processo, por causa de interesses individuais em relação ás exigências da sociedade e do próprio processo de ensino aprendizagem.

 

A contradição surge na sequência da existência de contrariedades e falta de concordância, conformismo nas necessidades e interesses, o que conduz a uma tomada de decisões pessoais ou colectivas contrárias mas que se completam entre si sobretudo no seu conteúdo.

 

Ex: Observamos uma contradição quando o aluno manifesta o desejo de se tornar autónomo, porque situa-se na zona de desenvolvimento próximo. Ou por outra, o aluno sente-se capaz de resolver cálculos matemáticos sem ajuda do professor. Ele julga-se que já sabe mas o professor exige que os exercícios sejam resolvidos a todos os passos.

 

O outro aspecto seria: o professor acha ter alcançado os objectivos educacionais preconizados e em contrapartida o aluno mostra-se insatisfeito dando assim a sua continuidade.

 

As contradições do ensino aprendizagem ocorrem entre o professor que dirige o ensino através de regulamentos, normas, programas escolares, e o aluno que tem que assimilar os conteúdos para seus interesses pessoais assim como sociais.

 

Podemos dizer que a contradição no processo de ensino aprendizagem, consiste na condução do estudo e na auto-actividade do aluno. A Didáctica para LIBÂNEO (1994:91) tem a tarefa de “ajudar a resolver a contradição entre o ensino e aprendizagem, a detectar as dificuldades enfrentadas pelos alunos na assimilação activa dos conteúdos e a encontrar os procedimentos para que eles próprios superem tais dificuldades e progridam no desenvolvimento intelectual”. A contradição surge na medida em que o professor coloca tarefas que devem ser resolvidas pelo professor (conteúdos, problemas, exercícios) e o nível de conhecimento dos alunos.

 

O factor predominante na dinâmica do processo de ensino é a relação contraditória entre exigências do processo didáctico e o trabalho activo e mental dos alunos.

 

A força motriz fundamental do processo didáctico é a contradição entre as exigências do domínio do saber sistematizado e o nível de conhecimentos, experiências, atitudes e características sócio-culturais e individuais dos alunos.

 

Para que esta contradição se converta em força desencadeadora da actividade dos alunos são necessárias certas condições:

 

1) A primeira é dos alunos tomarem consciência das dificuldades que aparecem quando se defrontam com um conhecimento novo que não dominam; significa colocar a dificuldade como um desafio que precisa de ser vencido, a fim de marcar na aprendizagem.

 

2) A segunda é acessibilidade das tarefas cognoscitivas postas pelo professor; isto quer dizer que o nível e o volume de conhecimentos, actividades e exercícios devem estar em correspondência com as contradições prévias dos alunos (capacidades, nível de preparo, etc.).

 

3) A terceira é que a correspondência entre exigência do ensino e as condições previas dos alunos seja prevista na planificação, de modo que o professor saiba qual dificuldade (desafio, problema) à apresentar e como trabalha-la didacticamente.

 

1.6.3. Relação Dialéctica Fundamental do PEA

O Ensino é um processo didáctico que mostra uma relação dialéctica específica entre este e aprendizagem, conforme o esquema.

 

Ensino↔prendizagem

 

Qualquer que seja o ensino pressupõe a existência de aprendizagem, logo pressupõe-se a existência de dois actores professor e aluno, pois, esses formam uma unidade mas cada um com as suas particularidades descritas em função das suas actividades.

 

A relação dialéctica entre professor/aluno é da reciprocidade dinâmica do paralelismo progressivo de acções apesar dos dois apresentarem papéis diferentes. Esta relação dialéctica também é contraditória por causa dos desafios que ocorrem no processo protagonizado pelo professor e pelo aluno. São desafios em constante mudança.

 

Entre vários desafios possíveis de existir importa referenciar dois:

1. Professor: coloca exigências sobre os conteúdos, quando estas exigências são alcançadas pelos alunos, surgem novas exigências. Assim o processo nunca vai ter fim. Contudo, esta é uma contradição ou uma relação contraditória entre professor/aluno ou aluno/professor, pois;

Ø  Tem por objectivo orientar o desenvolvimento das habilidades.

Ø  O professor é mediador porque é intermediário entre os conteúdos do património social e a nova geração.

Ø  Tem o papel dirigente, conduta orientada através de métodos e técnicas de ensino.

 

2.Aluno: também pode acontecer que as exigências impostas pelo professor não são cumpridas por vários motivos, dentre eles são: incapacidade mental e por falta de motivos intrínsecos para aprender. Portanto, aqui nota-se que não haverá reencontro entre professor e aluno. Nota-se também a existência de divergência entre professor e aluno por que os conteúdos não são alcançados.

Em suma, o ensino só existe em função da aprendizagem (se não houvesse geração nova, não era preciso ensinar) e no entanto, o carácter do ensino é determinado pelo carácter da aprendizagem. Por exemplo, o professor não pode adoptar o mesmo método para alunos da 5˚ classe e da 12. Dai, o carácter da aprendizagem determina o carácter do ensino.

 

1.6.4. A Relação dos elementos do PEA

 

1. Triângulo Didáctico

Designa-se triângulo didáctico porque nessa relação apenas participam três elementos que são: professor, aluno e conteúdo.

Primeiro é o aluno e o professor, isto porque sem aluno não existiria escola ou professor. Enquanto que o aluno tem relação com os conteúdos. Nesta relação o professor é o elo de ligação entre o conteúdo e o aluno.

 

2. Losango Didáctico

O losango didáctico apresenta quatro elementos:

Ø  E; ensino

Ø  A; aprendizagem

Ø  C; conteúdo

Ø  M; método

Os métodos são fundamentais no ensino e devem estar mais próximo possível do aluno para melhor apreender os conteúdos.

 

Os métodos e técnicas aplicadas pelo professor devem estar ao alcance do aluno proporcionando-o oportunidades de percepção, comparação, selecção e classificação do que está a aprender ou do que vai aprender.

 

3. Exagono Didáctico

No exagono didáctico encontramos seis elementos (categorias) fundamentais.

Ø  E- ensino

Ø  Aprendizagem

Ø  C- conteúdo

Ø  M- métodos

Ø  O- objectivos

Ø  Me- meios

 

 

1.7. FUNÇÕES E LUGAR DA DIDÁCTICA GERAL NO CONJUNTO DAS DIDÁCTICAS ESPECIFICAS

 

1.7.1. Funções

A didáctica como ciência apresenta duas funções fundamentais:

·         Função Construtiva; esta função consiste basicamente na própria organização escolar. Esta organização baseia-se na hierarquização do processo de ensino e aprendizagem, por cursos, unidade de aulas, horários, turmas, número de turmas, material escolar ou didáctico, plano anual, semestral, etc.

 

Dado que a função construtiva abrange todas as actividades no PEA, participam também todos os membros da escola:, a direcção,  o professor e os funcionários.

 

·         Função Teórica: baseia-se fundamentalmente na transmissão (mediação) e assimilação dos conhecimentos. Esta se interessa na acomodação dos conhecimentos para a sua posterior aplicação. Sendo assim, a função teórica se preocupa com os métodos meios e outros elementos proeminentes para a concretização dos objectivos do PEA. Nesta função, encontramos patente a tarefa do professor que visa orientar o aluno para alcançar os objectivos pré-estabelecidos.

 

1.7.2. A Didáctica Geral no conjunto das Didácticas específicas

  A Didáctica pode ser considerada em seus aspectos gerais e particulares, isto é, considerada com relação ao ensino de todas as matérias, ou com relação a uma só disciplina, o que dá margem a existência de uma Didáctica Geral e a diversas didácticas especiais:

- Didáctica Geral: destinada ao estudo de todos os princípios, métodos e técnicas válidas para o ensino de qualquer actividade, área ou disciplina. Estuda problemas do ensino, de maneira geral, sem descer as menúncias específicas, que variam de disciplina para disciplina. Procura ver o ensino como um todo, estudando-lhe as condições gerais a fim de indicar procedimentos aplicáveis em todas as disciplinas que tornam o ensino mais eficiente.

 

Ela é valida quando estiver vinculada as circunstâncias reais do ensino e aos objectivos que a educação visa concretizar no educando.

 

Didáctica Especifica ou Prática do Ensino: pode ser encarada sob dois pontos de vista:

 

·         Com relação ao nível de ensino, tendo se então didáctica da escola de primeiro, segundo ou terceiro graus;

 

·         Com relação ao ensino de cada actividade área ou disciplina particular, como matemática, física, ciências biológicas, etc.

 

A Didáctica Especifica é considerada como prática de ensino, porque se destina ao estudo da aplicação dos princípios gerais da Didáctica no campo específico de ensino de cada actividade, área ou disciplina. Nesta acepção a Didáctica Especifica ou prática de ensino estuda a aplicação dos princípios da Didáctica Geral no ensino das diversas disciplinas e de maneira específica.

 

1.8. OS GRANDES MOMENTOS DA DIDÁCTICA COMO CIÊNCIA

 

1.8.1. Didáctica Tradicional

A Didáctica Tradicional consiste na crença de que o professor é o único conhecedor dos conteúdos. Ele não tem em conta as particularidades do educando. A tendência do professor é de considerar o aluno como sendo uma “tábua rasa”, ignorando assim os seus interesses e necessidades.

 

Neste âmbito, a tarefa do professor era de transmitir tudo o que sabe usando o método expositivo, considerando assim, o aluno como “recipiente”, isto é, o aluno tinha a obrigação de decorar tudo o que o professor dizia e exigia sem replicar. A matéria e o conteúdo, eram o centro de todo o processo de ensino e aprendizagem.

 

Aqui, a Didáctica é apenas uma disciplina normativa, um conjunto de princípios e regras que regulam o ensino. A actividade de ensinar era centrada no professor que expunha e interpretava a matéria. O meio principal da transmissão dos conteúdos era a palavra, a exposição oral, e a tarefa principal do aluno era “gravar” a matéria para depois reproduzí-la, seja através de interrogação do professor, seja através das provas escritas.

 

A matéria de ensino é tratada isoladamente, isto é, desvinculada dos interesses dos alunos e dos problemas reais da sociedade e da vida.

 

A Didáctica Tradicional tem resistido ao tempo, continua prevalecendo na prática escolar. É comum nas nossas escolas atribuir-se ao ensino a tarefa de mera transmissão de conhecimentos, sobrecarregar o aluno de conhecimentos que são decorridos sem questionamento, dar somente exercícios repetitivos, impor externamente a disciplina e usar o castigo.

 

 

 

1.8.2. Didáctica Moderna

Na didáctica Moderna, a situação muda, isto é, o professor não é o único conhecedor do conteúdo, aqui o professor é o mediador dos conhecimentos e o aluno é considerado elemento activo no processo de ensino e aprendizagem. Por outra, o professor, constitui elo de ligação aluno e professor, aluno e conteúdos. Esta ligação é estabelecida através de meios e métodos.

 

Na Didáctica Moderna o aluno é considerado como um sujeito da aprendizagem. O professor tem a tarefa de colocar o aluno em condições propícias para que, partindo das suas necessidades, estimulando os seus interesses, possa buscar por si mesmo conhecimento e experiências.

 

O centro da actividade escolar não é o professor nem a matéria, é o aluno activo e investigador. O professor incentiva, orienta, organiza situações de aprendizagem adequando-as às capacidades e características individuais dos alunos. Por isso, para LIBÂNEO (1994:60), a Didáctica activa da grande importância aos métodos e técnicas como o trabalho de grupo, actividades cooperativas, estudo individual, pesquisas, projectos, experimentações, etc.

 

1.9. RELAÇÃO DA DIDÁCTICA COM OUTRAS CIÊNCIAS

Como sabemos, a Didáctica para além de ser uma ciência autónoma, ela é a disciplina básica da Pedagogia. Deste modo, para que ela atinja os seus objectivos preconizados e, garanta a sua sustentabilidade, relaciona-se com outras ciências afins tais como:

 

Psicologia

É uma das ciências básicas da didáctica, isto porque, ela estuda os fenómenos psicológicos do homem. É nesta ordem de ideias que nada pode ser abordado no processo de ensino aprendizagem sem auxílio e estreita colaboração com a Psicologia.

Dentre os conteúdos que a Psicologia subsidia destacam-se as seguintes:

 

a)      Leis gerais da vida psíquica que tenham relação com ensino aprendizagem.

b)      As regularidades do psíquico e as diferentes etapas de desenvolvimento tendo em conta a idade e sexo.

c)      As particularidades individuais do educando que exige o emprego de métodos específicos para responder as exigências educativas.

d)     A Psicologia fornece à Didáctica tipos de atitudes e normas de relacionamento entre as pessoas na sala de aula.

  

 

 

Ciências Biológicas

Aqui podemos integrar todas as ciências humanas (anatomia e fisiologia), que expõem o aspecto físico da vitalidade do sujeito, dai que urge a necessidade de conhecer a fisiologia do educando.

 

A acção do educador no processo de ensino aprendizagem será bem sucedida se o mesmo acomodar conhecimentos fisiológicos que estudam as funções dos órgãos (sistema nervoso, circulação sanguínea, respiração, etc.), permitindo relacionar essas funções com as psíquicas.

 

Antropologia

Ciência que estuda a história da espécie humana quanto a sua origem, evolução, raças, culturas, tradições etc. Esses são conteúdos que a didáctica precisa para maximizar o processo de ensino aprendizagem. Significa que a aplicação dos métodos, meios, técnicas e a selecção dos conteúdos deve-se ter em conta os aspectos antropológicos.

 

Sociologia

A orientação relacionada com a Didáctica não pode se basear exclusivamente na Psicologia, Antropologia, etc, deve, requerer também ao leque de conhecimentos da Sociologia, pois, ela se debruça sobre o comportamento grupal ou no contexto grupal.

 

 

Geografia

A Didáctica necessita de conteúdos de geografia física e humana por causa de mútuas influências existentes entre o homem de um lado e o solo, clima, vegetação, etc., de outro lado.

 

Estatística

A Estatística é fundamental e indispensável em Didáctica porque proporciona um número de estudo dos elementos didácticos como o caso do senso escolar (sexo, processo idade, origem, aproveitamento, número de escolas, material escolar, distribuição dos alunos, professores e número de salas).

 

Filosofia

A Didáctica seja ela de que natureza for não pode prescindir da Filosofia, como também nenhuma outra ciência pode formar-se sem auxílio da Filosofia que proporciona ideias gerais da investigação científica.

 

 

2. PLANIFICAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO/APRENDIZAGEM

                                (Elementos da Planificação do PEA)

 

2.1. Objectivos do PEA

A palavra objectiva vem do latim, objectus, que quer dizer “lançado adiante”, o que está a frente.

 

Para PILETTI (1991:65), objectivo é a descrição clara do que-se pretende alcançar como resultado da nossa actividade. Os objectivos nascem da própria situação: da comunidade, da família, da escola, da disciplina, do professor e principalmente do aluno. Os objectivos, portanto, são sempre do aluno e para o aluno.

 

Os objectivos antecipam resultados e processos esperados do trabalho conjunto do professor e dos alunos, expressando conhecimentos, habilidades e hábitos, conteúdos a serem assimilados de acordo com as exigências metodológicas (nível de preparo prévio dos alunos, peculiaridade nas matérias de ensino e características do processo de ensino e aprendizagem).

 

Também podemos afirmar que toda acção educativa de Ensino e Aprendizagem tem em vista conduzir o educando a determinados pontos descritivos em objectivos educacionais e instrucionais. Esses objectivos são classificados em níveis.

 

É fundamental definir os objectivos em qualquer processo de ensino aprendizagem porque os mesmos têm por finalidade resolver ou responder as exigências e expectativas dos grupos e classes sociais existentes na sociedade cujos propósitos são antagónicos em relação ao tipo de homem a educar e as tarefas que este deve desempenhar nas diversas esferas da vida prática.

 

O carácter pedagógico da prática educativa está, precisamente, em explicitar fins e meios que orientem para tarefas da escola e do professor em direcção as necessidades da sociedade e do individuo. Em resumo, podemos dizer que não há prática educativa sem objectivos.

 

2.2. Classificação dos Objectivos de Ensino

 

Os objectivos são o ponto de partida, as premissas gerais do processo pedagógico. Representam as exigências da sociedade em relação à escola, ao ensino, aos alunos e, ao mesmo tempo, reflectem as opções políticas e pedagógicas dos agentes educativos em face das contradições sociais existentes na sociedade.

Os objectivo de ensino podem ser classificados em:

 

2.2.1. Objectivos Educacionais (ou gerais)

Os objectivos gerais expressam propósitos mais amplos acerca do papel das escolas e do ensino diante das exigências postas pela realidade social e diante do desenvolvimento da personalidade dos alunos. Definem, em grandes linhas perspectivas da prática duma determinada sociedade, que serão depois convertidos em objectivos específicos.

 

Estes objectivos, são da educação de uma escola específica, de um curso, das séries de um curso, das planificações do ensino referentes a cursos e unidades de actividades, áreas ou disciplinas.

 

Os objectivos educacionais são, de modo geral, os que-se pretendem que o educando alcance ou incorpore ao seu comportamento, após um período mais ou menos longo de ensino. Sendo assim, existem verbos que permitem a definição de objectivos gerais tais como:

·         Compreender

·         Saber

·         Entender

·         Desenvolver

·         Aprender

·          Melhorar

·          Aperfeiçoar

·          Julgar

·         Conhecer

·          Adquirir

·          Familiarizar-se

·          Concluir

·         Concentrar

·         Gerar

·          Reflectir

·         Conscientizar

·         Inferir

·          Sentir

·          Determinar

·          Pensar

·          Apreciar

·         Analisar

·         Perceber

·         Descobrir

·         Gostar.

 

2.2.2. Objectivos Instrucionais ou Específicos

Os objectivos instrucionais ou específicos são proposições mais específicas referentes às mudanças comportamentais esperadas para um determinado grupo. Eles representam expectativas de comportamento com relação ao educando, o que ele devera fazer, em determinadas circunstâncias, após um período de estudos ou de sequências do processo/aprendizagem.       

 

WHEELER e WAYNE (s/d) apud NÉRICI (1991:37), dizem que “objectivos instrucionais descrevem os resultados educacionais que são directamente observáveis.O objectivo instruncional descreve o produto final do ensino em termos de comportamento observável, estabelece as condições sob as quais o desempenho final poderá ser observado e especifica o critério através do qual esse desempenho final poderá ser julgado”.

Verbos que indicam objectivos Específicos

ü  Identificar

ü   Cobrir

ü  Marcar

ü   Pressionar

ü  Apontar

ü  Andar

ü  Colocar

ü   Fazer

ü  Dizer

ü   Ler

ü  Sonbrear

ü   Preencher

ü   Remover

ü  Desenhar

ü   Numerar

ü   Rotular

ü  Pôr

ü   Nomear

ü   Definir

ü  Sublinhar

ü   Repetir

ü   Recordar

ü   Induzir

ü   Ilustrar

ü  Preparar

ü  Representar

ü  Distinguir

ü   Realizar

ü   Explicar

ü  Demonstrar

ü   Diferenciar

ü   Aplicar

ü  Desenvolver

ü  Generalizar

ü  Relacionar

ü  Modificar

ü  Classificar

ü   Resolver

ü  Comparar

ü  Contrastar

ü   Justificar

ü   Escolher

ü  Criticar

ü  Construir

ü  Seleccionar

ü  Localizar.

 

A formulação dos objectivos específicos tem por finalidade classificar para o professor, em sua própria mente ou comunicar a outros as mudanças desejadas no aluno. Outra função dos objectivos é orientar o professor na escolha dos demais componentes de um sistema de organização de ensino.

 

Os objectivos específicos são definidos pelo professor. Para a definição adequada de objectivos instrucionais é necessário que:

a)      Os objectivos refiram-se aos comportamentos dos alunos e não aos do professor.

b)      Os objectivos devem indicar claramente a intenção do professor e não podem dar margem a muitas interpretações. Para que isso aconteça, é necessário utilizar verbos que indicam uma acção observável.

c)      Os objectivos devem especificar o que o aluno deve realizar.

d)     Os objectivos podem estabelecer também as condições de (uso de instrumentos, livros e outros recursos por exemplo) em que o aluno deverá demonstrar ser capaz de realizar no final do curso, da unidade ou da aula o que está previsto no objectivo.

e)      Para que fiquem ainda melhor enunciados, os objectivos podem especificar o grau de perfeição que se espera do aluno.

Os objectivos educacionais e instrucionais, podem referir-se aos domínios cognitivos, afectivo e psicomotor.

 

a)      Domínio Cognitivo; este domínio inclui aqueles objectivos vinculados à memória ou recognição e ao desenvolvimento de capacidades e habilidades intelectuais. Este domínio é fundamental para a implementação da avaliação vigente. É o domínio em que tem ocorrido a maioria dos trabalhos em desenvolvimento curricular e onde encontramos as mais claras definições de objectivos expressas em termos de comportamento do aluno.

 

Exemplos de objectivos de domínio cognitivo:

§  Informar-se

§  Conhecer

§   Adquirir conhecimentos.

O domínio cognitivo apresenta os seguintes níveis de definição dos objectivos:

§  Conhecimento;

§   Compreensão;

§  Aplicação;

§   Análise;

§  Síntese;

§  Avaliação.

 

b) Domínio Afectivo; inclui objectivos que descrevem mudanças de interesse, atitudes e valores e o desenvolvimento de apreciações e ajustamento adequado. Os objectivos neste domínio não apresentam uma formulação precisa, e, de facto, os professores parecem não estar muito esclarecidos sobre as aprendizagens apropriadas a concepção dos mesmos. Não é fácil formular objectivos que descrevam comportamentos nesta área, pois os sentimentos e as emoções interiores ou não manifestos são tão significativos quanto os comportamentos manifestos ou abertos.

Exemplos;

§  Cooperar

§   Valorizar

§  Interessar-se em

§   Acatar as medidas.

No domínio afectivo encontramos seguintes níveis;

§  Receptividade

§  Reacção

§  Valorização

§   Organização

§  Caracterização em função de um valor ou de um conjunto de valores.

 

c) Domínio Psicomotor; refere-se á habilidades manipulativas (operativas) ou motoras, isto é, ás habilidades para manipular, materiais, objectos, instrumentos ou máquinas.

Exemplo;

§  Desenhar

§   Construir

§   Dirigir uma bicicleta

§  Moldar um boneco

§   Concertar um relógio.

 

Neste domínio também encontramos os níveis que permitem a definição dos objectivos tais como:

§  Percepção

§  Predisposição

§  Resposta orientada

§  Resposta mecânica

§  Resposta complexa evidente.

 

2.3 .OS CONTEÚDOS DE ENSINO

 

2.3.1. Conceito

Conteúdos de ensino são conjunto de conhecimentos, habilidades, hábitos, modos valorativos e atitudinais de actuação social, organizados pedagógicas e didacticamente, tendo em vista a assimilação activa e aplicação pelos alunos na sua prática de vida. Englobam, portanto: conceitos, ideias, factos, processos, princípios, leis científicas, regras; habilidades cognoscitivas, modos de actividade, métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudo, de trabalho e de convivência social; valores, convicções, atitudes.

 

Os conteúdos de ensino são expressos nos programas oficiais, nos livros didácticos, nos planos de ensino e de aula, nas aulas, nas atitudes e convicções do professor, nos exercícios, nos métodos e formas de organização do ensino.

 

Os conteúdos formam a base objectiva da instrução conhecimentos, sistematizados e habiliddades, referidos aos objectivos e viabilizados pelos métodos de transmissão e assimilação. Também, pode-se dizer que o conteúdo e o veiculo através do qual são atingidos os objectivos da educação. Estes são organizados em matéria de ensino e dinamizados pela articulação objectivos-conteúdos-métodos e formas de organização do ensino nas condições reais em que ocorre o processo de ensino (meio social e escolar, alunos, famílias etc.).

 

2.3.2. Selecção dos Conteúdos de Ensino

 

A selecção dos conteúdos de ensino é uma questão bastante importante no processo de ensino e aprendizagem. A escolha e definição dos conteúdos é, em ultima instância, tarefa do professor. É ele que tem pela afrente determinados alunos, com suas características de origem social, vivendo num meio cultural determinado, com certas  posições e preparo para enfrentar o estudo.

 

Na selecção dos conteúdos o professor deve seguir os seguintes critérios:

Ø  Validade; os conteúdos seleccionados devem ser não só dignos de confiança, mas também representativos e actualizados.

 

Ø  Flexibilidade; os conteúdos já seleccionados devem estar sujeitos a modificações, adaptações, renovações e enriquecimento. Isto significa que os conteúdos de ensino podem ser modificados de acordo com as mudanças sociais, políticas e económicas do contexto.

Ø  Significação; este critério requere que o conteúdo esteja relacionado com as experiências do aluno. Um conteúdo terá significação para o aluno quando, além de despertar o seu interesse, levá-lo, por iniciativa própria, a aprofundar o interesse.

 

Ø  Possibilidade de elaboração pessoal; este critério refere-se a recepção, assimilação e transformação da informação pelo próprio aluno. Permite ao aluno associar, comparar, compreender, seleccionar, organizar, criticar e avaliar o novo conteúdo.

 

Ø  Utilidade; refere-se ao uso dos conhecimentos em situações novas.

Ø  Viabilidade; segundo este critério deve-se seleccionar conteúdos que possam ser aprendidos dentro das limitações de tempo e recursos disponíveis.

 

Contudo, uma vez seleccionados os conteúdos, é necessário organizá-los. E um dos critérios de organização dos conteúdos é a estrutura da própria matéria de ensino.

 

 

2.4. MÉTODOS DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

 

Método, etimologicamente vem do latim “methodus”, quer dizer “caminho para se chegar a um fim”. Representa a maneira de conduzir pensamento ou acções para se alcançar um objectivo.

 

No processo de ensino e aprendizagem, também deve-se agir com método se se pretende atingir os objectivos de aprendizagem com mínimo de esforço e o máximo de rendimento.

 

NÉRICI (1989:265), método de ensino ou didáctico é “o conjunto de procedimentos lógicos e psicologicamente organizados, de que-se vale o professor, para levar o educando a elaborar conhecimentos, adquirir técnicas ou habilidades e incorporar atitudes e ideias”.

 

Para LIBÂNEO (1994:152), “os métodos de ensino são as acções do professor pelas quais se organizam as actividades de ensino e dos alunos para atingir objectivos de trabalho docente em relação a um conteúdo específico”.

 

Os métodos de ensino regulam as formas de interacção entre ensino e aprendizagem, entre professor e os alunos, cujo resultado é assimilação consciente dos conhecimentos e o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas e operativas dos alunos.

 

Os conceitos de método e de técnica de ensino ainda não estão devidamente esclarecidos, havendo, mesmo, forte controvérsia a esse respeito.

 

Método é conceito mais amplo do que técnica. A técnica é mais restrita a formas de apresentação imediata da matéria. Técnica de ensino significa certos recursos e a maneira de utilizá-los para a efectivação da aprendizagem no educando. Método indica aspectos gerais de acção não especifica, e Técnica indica o modo de agir, objectivamente, para se alcançar um objectivo.

Portanto, o método de ensino realiza-se através de técnicas (uma ou mais), mas todos os métodos de ensino podem assumir papel de técnica, ao mesmo tempo que todas as técnicas de ensino podem assumir papel de método. Sendo assim, tanto os métodos como as técnicas de ensino devem ajudar o formando a apreender os conhecimentos, a desenvolver as habilidades e a assumir novas atitudes e ideias.

 

Todo o método e técnica deve ter sequência e ser adaptado a estrutura mental, a maturidade e as experiências anteriores dos alunos.

 

 

2.4.1. Critérios de Classificação dos Métodos de Ensino e Aprendizagem

 

Para a classificação dos métodos de ensino, são realçados aspectos como: as posições do professor, aluno, disciplina e organização escolar, no processo educativo. Os aspectos que são levados em conta são:

 

 

 

 

a)      Métodos quanto a forma de raciocínio

 

Ø  Método Dedutivo: quando o assunto estudado procede do geral para o particular. Este método consiste na apresentação de conceitos ou princípios, definições ou afirmações, dos quais vão sendo extraídas conclusões ou consequências. A dedução deve ser usada desde que permita ao aluno tirar conclusões ou criticar aspectos particulares em vista de princípios gerais.

 

Ø  Método Indutivo: aqui, os conteúdos são apresentados por meio de casos particulares, sugerindo-se que se descubra o princípio geral que rege os mesmos.

A indução de modo geral baseia-se na experiência, na observação, nos factos. O método indutivo, permite convencer o aluno da constância dos fenómenos, que vai possibilitar a generalização ou a conceituação de leis científicas.

 

Ø  Método Analógico, Comparativo ou Transdutivo: quando os dados particulares apresentados permitirem comparações que levam a concluir, por semelhança. Este método convenientemente estudado, pode conduzir o aluno a analogias entre os conteúdos anteriormente assimilados e os a serem assimilados.

 

b) Os Métodos quanto a coordenação do Conteúdo

 

Ø  Método Lógico: quando os dados ou factos são apresentados em ordem de antecedente e consequente, obedecendo a uma estruturação de factos que vai do menos ao mais complexo ou da origem a actualidade, mas a principal ordenação é de causa e efeito em sequência indutiva ou dedutiva. Esse procedimento tem maior aplicação a partir do segundo grau até às universidades.

 

Ø  Método Psicológico: a apresentação dos elementos não segue uma ordem lógica mas sim, uma ordem mais afeita segundo os interesses, necessidades e experiências do educando. Segue mais a motivação do momento do que, um esquema rígido previamente estabelecido. Este segue o caminho do concreto para o abstracto, do próximo para o remoto, mesmo que não sejam atendidas as razões de a]ntecedente e consequente, na apresentação dos factos.

 

 

 

c)  Métodos quanto a concretização do ensino

 

Ø  Métodos Simbólicos ou verbalistico: neste método os trabalhos da aula são executados através da palavra. A linguagem oral e a linguagem escrita assumem importância decisiva, pois são imprescindíveis meios de realização da aula.

 

Ø  Método Intuitivo: quando a aula é efectuada com auxílio constante de concretizações, a vista das coisas tratadas ou de seus substitutivos e mediatos. Este método deve privilegiar o contacto directo com a coisa estudada, experiências, trabalhos em oficinas, material didáctico, visitas e excursões, recursos audiovisuais, cartazes, modelos, esquemas, quadro, projecções fixas ou móveis, confecção de álbuns, etc.

 

d) Métodos quanto a sistematização de conteúdos

 

Ø  Método de sistematização: este método caracteriza-se por ser rígido ou semi-rigido. Rígido quando o esquema da aula não permite flexibilidade alguma, através de seus itens lógicamente entrosados, não dando oportunidade de espontaneidade alguma ao assunto da aula. Semi-rigida quando o esquema da aula permite certa flexibilidade para melhor adaptação às condições reais da turma e do meio social a que a escola serve.

 

Ø  Método Ocasional: quando é aproveitada a motivação dom momento, bem como os acontecimentos relevantes do meio. As sugestões dos alunos e as ocorrências do momento presente é que orientam os assuntos da aula.

 

 

 

e)  Métodos quanto as actividades dos alunos

 

Ø  Método Passivo: quando se da ênfase á actividade do professor, ficando os alunos em atitude passiva, recebendo os ensinamentos, o saber ministrado por aquele, através de: ditados, lições marcadas no livro-texto que são depois reproduzidas de memória, perguntas e respostas com obrigatoriedade de decorá-las, exposição dogmática.

 

Ø  Método Activo: quando se tem em mira o desenvolvimento da aula com a paricipação do educando. O método activo desenvolve-se a base da realização da aula por parte do aluno, em que o professor se torna um orientador, um incentivador e não um transmissor de saber, um ensinador.

 

Neste método existem técnicas que favorecem a actividade do educando tais como:

§  Interrogatório;

§  Redescoberta;

§  Arguição;

§   Trabalhos em grupo;

§   Estudo dirigido;

§  Debates e discussões;

§  Técnicas dos problemas;

§  Técnicas de projecto, etc.

 

f)       Métodos quanto a globalização dos conhecimentos

 

Ø  Método de Globalização: quando através de um centro de interesse, as aulas se desenvolvem abrangendo um grupo de disciplinas, segundo as necessidades naturais, surgidas no decorrer das actividades.

 

Ø  Método não globalizado ou de especialização: quando disciplinas e partes das mesmas são tratados de modo isolado, sem articulação entre si, passando a ser cada uma delas verdadeiro curso, pela autonomia e independência que alcança ao dirigir as suas actividades.

 

Ø  Método de Concentração: este método assume posição intermediária entre o globalizado e o especializado. Recebe também o nome de método por época, pois consiste em converter, por um período, uma disciplina em principal, funcionando as outras como auxiliares.

 

g)      Métodos quanto a relação do professor com aluno

 

Ø  Método Individual: quando se define a educação de um só aluno. Um professor para cada aluno. Seu uso é recomendável em caso de recuperação para alunos que, por qualquer motivo se tenham atrasado em seus estudos. É usado, também, em casos de alunos excepcionais, que requerem tratamento individualizado.

 

Ø  Método Recíproco: quando o professor encaminha alunos a ensinar colegas.

 

Ø  Método Colectivo: quando temos um professor para muitos alunos. No ensino colectivo não pode ser esquecido o aluno como ser individual. Ele necessita ser atendido em suas peculiaridades, mesmo dentro de uma turma. O ensino colectivo se torna mais eficiente a medida que se vai individualizando.

 

Ø  Método de Estudo em Grupo: quando o professor divide a turma em grupos e orienta o ensino de maneira que cada grupo enfrente as tarefas de estudo, com base na dinâmica de grupo, que os educandos de cada grupo participam activamente na tarefa a executar, elaborando-a com base em acções inter-grupais.

 

Ø  Método Socializado-Individualizante: é o método de ensino que da ênfase ao estudo em grupo no estudo individualizado, por reconhecer que são duas formas de trabalhos exigidas no presente.

 

Ø  Método Individualizado: é a modalidade metodológica que orienta o educando a estudar com base nas suas reais possibilidades e dentro do seu próprio ritmo de trabalho, sendo concedido tempos diferentes para execussão de uma tarefa, para educandos diferentes em seus ritmos de estudo.

 

h)     Métodos quanto ao trabalho do educando

 

Ø  Método de Trabalho Individual: procura atender as diferenças individuais, o trabalho escolar é ajustado ao educando por meio de tarefas diferenciais, estudo dirigido ou contracto de estudo, ficando o professor mais a disposição para orientá-lo em suas dificuldades.

 

Ø  Método de Estudo em Grupo: dá ênfase ao ensino em grupo, em que o plano de estudo é repartido entre os componentes do mesmo, arcando cada um com parcela de responsabilidade do todo. Da reunião do esforço dos alunos e da colaboração entre eles resulta o trabalho total. Por exemplo na preparação de seminários.

 

Ø  Método Misto de Trabalho: quando-se planifica, em seu desenvolvimento, actividades socializadas e individuais.

 

i)        Métodos quanto a aceitação do que é ensinado

 

Ø  Método Dogmático: quando o aluno tende guardar o que o professor estiver ensinando, na suposição de que aquilo é a verdade e compete ao aluno absorvê-la, uma vez que a mesma está sendo oferecida pelo professor.

 

Ø  Método Heurístico: consiste em o professor interessar o aluno em compreender antes de fixar, implicando justificativas lógicas e teóricas que podem ser apresentadas pelo professor ou pesquisadas pelo aluno, sendo-lhe permitido discordar ou exigir justificativa para que o assunto seja aceite como verdadeiro.

 

j)       Métodos quanto a abordagem do tema em estudo

 

Ø  Método Analítico: este método implica a análise que significa decomposição, isto é, separação de um todo em suas partes ou em seus elementos constitutivos. O método analítico baseia-se na concepção de que, para compreender um fenómeno, é preciso conhecer-lhe as partes que o constituem.

 

Ø  Método Sintético: implica a síntese, que significa a reunião, isto é, união de elementos para formar um todo. Aqui estudam-se os elementos constitutivos do fenómeno em marcha progressiva ate chegar ao todo.

 

 

2.4.2. As Variantes Metódicas Básicas

 

Durante o processo de ensino aprendizagem, o professor é a pessoa que selecciona e organiza vários métodos de ensino e vários procedimentos didácticos em função das características de cada matéria.

 

Segundo LIBÂNEO (1994:161), “os métodos de ensino podem ser classificados em: método expositivo, método de elaboração conjunta ou de conversação didáctica e método de trabalho independente”.

 

a) Método Expositivo

 

Neste método os conhecimentos, habilidades e tarefas são apresentados, explicadas ou demonstrados pelo professor. A actividade do aluno é receptiva, embora não necessariamente passiva. Também, consiste na apresentação de um tema logicamente estruturado. É um método utilizado por todas disciplinas e tem origem no método descritivo.

 

O método expositivo apesar das inúmeras criticas a que está sujeito, continua sendo o procedimento mais utilizado pelas seguintes razões:

§  É inovador, ajuda o professor a reproduzir uma série de conhecimentos;

§  É barato, não requere material didáctico sofisticado e a preparação de participantes (professor-aluno) é de um para cem;

§  Apresenta uma flexibilidade, pode ser adaptado a qualquer audiência, a um conteúdo determinado ao tempo e equipamento.

§   A sua eficácia consiste no fornecimento de um conjunto de informações que o professor transmite aos alunos principalmente de informações de difícil obtenção por parte dos alunos.

 

Na utilização do método expositivo advoga-se que a exposição lógica da matéria continua sendo, pois, um procedimento necessário, desde que o professor consiga mobilizar a actividade interna do aluno de concentrar-se e de pensar, e a combine com outros procedimentos, como o trabalho independente, a conversação didáctica e o trabalho em grupo.

 

Focos de Concentração do Método Expositivo

1.      Introdução/consolidação.

2.      Síntese ou recapitulação dos conteúdos.

3.      Levantamento e satisfação das dúvidas.

 

Partes da Exposição

§  Introdução: esta desempenha um papel motivador na medida em que procura enquadrar o aluno no tema ou assunto a ser estudado. Em alguns casos até serve para despertar a concentração dos participantes.

 

§  Desenvolvimento: é a fase mais longa da aula onde são transmitidos todos os conteúdos, faz-se análise, discussão, debates, etc. É uma fase susceptível de dúvida, questões que merecem ser respondidas, explicadas e fundamentadas.

 

§  Conclusão: consiste na síntese e recapitulação dos aspectos essenciais. A conclusão pode ser feita por perguntas, exercícios ou por um discurso final no qual o professor faz um resumo sintético de tudo o que foi exposto por todos os participantes.

 

Na conclusão recomenda-se que o professor faça o resumo com uma linguagem clara e objectiva, com lógica, focalizando os aspectos comuns mais essenciais. Também, o professor ao terminar a sua explanação pode deixar algumas questões fundamentais em aberto para serem discutidas nas próximas aulas.

 

Tipos de Exposição

 

a)      Conferência: a conferência e constituída por duas fases:

§  A primeira fase e dividida em duas etapas tais como; recolha de conteúdos que correspondem com o tema e definição dos objectivos. Esta recolha pode ser feita através de selecção do material bibliográfico e contacto com pessoas ligadas com o tema a ser apresentado.

 

A segunda etapa consiste na formulação de conteúdos. Aqui efectua-se a redacção do texto obedecendo as três partes fundamentais; introdução, desenvolvimento e conclusão.

 

§  A segunda fase chamada activa e, que consiste na apresentação dos conteúdos, é considerada a mais difícil, porque constitui a fase de grande responsabilidade, pois realiza-se num período rigorosamente determinado com a participação de todos. É a fase emotiva e actividade prática.

 

b) Palestra: é exposição verbal, podendo-se utilizar meios auxiliares como retroprojectores, quadro preto entre outros. Ela é feita por uma pessoa convidada pelos organizadores do evento.

 

A palestra pode ser seguida por um debate com os participantes onde se esclarecem dúvidas.

 

 

 

Vantagens e desvantagens do Método Expositivo

 

Vantagens

- Mediação racional e eficiente dos conteúdos

- Desenvolvimento da capacidade de concentração e actividade mental de aprendizagem receptiva.

 

Desvantagens

- Sobrecarga da memória e perca de atenção

 

 b) Método de Elaboração Conjunta

A elaboração conjunta é uma forma de inteiração activa entre professor e os alunos visando a obtenção de novos conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções já adquiridas. Ela supõe um conjunto de condições prévias: a incorporação pelos alunos dos objectivos a atingir, o domínio de conhecimentos básicos ou a disponibilidade pelos alunos de conhecimentos e experiências que mesmo não sistematizados, são pontos de partida para o trabalho de elaboração conjunta.

 

A elaboração conjunta é uma variante metódica que tem duas técnicas que são: perguntas e respostas (interrogatório) e seminário.

 

A técnica “interrogatório” tem origem no método socrático que assume o aspecto de diálogo, de conversa, que vai conduzindo ao professor a conhecer melhor os seus alunos. Constitui forma de obtenção colectiva de conhecimento tornando a aula num processo dinâmico de cooperação e colaboração entre professor e aluno.

 

 Nesta técnica, o professor conduz os alunos a aplicação de conhecimentos e aproveita conhecer a experiência dos mesmos. Todavia, nenhuma técnica é mal conduzida como esta em nossas escolas, devido ao aspecto repreensivo que tem assumido.

 

O interrogatório tem sinónimo de “castigo”, forma de pegar o aluno na curva para ter “notas baixas”. É uma técnica que tem vários objectivos como: motivação, reflexão, manter disciplina, integração e colaboração entre professor e aluno.

 

Tarefas do professor

Na técnica do interrogatório assim como a técnica de seminário, o professor deve criar uma atmosfera em que os alunos se sintam motivados para responderem, contribuir e participar na discussão.

 

- Fazer com que todos participem;

- Deixar o aluno terminar de falar;

- Aproveitar respostas incorrectas para a discussão fazendo com que os outros colegas participem na discussão;

- O aluno deve ficar a saber o que está certo ou errado na contribuição;

- Não corrigir todos os detalhes incorrectos. O professor deve sempre que necessário esclarecer o essencial e;

- Fazer a gestão racional do tempo.

 

Seminário   

É a técnica que da mais possibilidade de todos alunos participarem na discussão ou debate para a solução dos assuntos ou problemas colocados. É uma prática comum nas escolas superiores com vista a desenvolver o pensamento crítico ou inovador dos participantes.

No seminário tratam-se questões que suscitam de fundamentação e esclarecimento das dúvidas levantadas. Um seminário é uma reunião do professor e seus alunos com objectivo de fazer investigação sobre pontos concretos da ciência.

 

O seminário dirige-se para formação do que informação; visa capacitar o educando a estudar por si. A essência do mesmo, é a discussão colectiva que merece por parte dos alunos prévia preparação pelo professor nos seguintes moldes:

- Atribuição do tema, assunto, etc., ou a escolha do tema, problema por parte do aluno ou grupo.

- Plano das questões do seminário, isto e, no plano faz-se abordagem dos aspectos fundamentais que devem ser observados para elaboração do texto.

 

- Indicação do material (bibliografia) e, marcação do prazo da entrega e da discussão do trabalho. Na discussão o grupo expõe os resultados obtidos através de um relatório, obedecendo o tempo indicado para apresentação.

 

Vantagens:

- A elaboração conjunta é portanto, um excelente procedimento de promover a assimilação activa dos contados, suscitando a actividade mental dos alunos não simplesmente a atitude receptiva.

 

- Dá possibilidade do aluno se expressar dando o seu ponto de vista. Aqui, o aluno aprende a respeitar a opinião dos outros.

 

- Aproveita-se da experiência dos alunos na elaboração de conhecimentos novos.

- Desenvolve o espírito de investigação e,

 

- Permite ao professor controlar as emoções, dúvidas e conhecimento dos alunos directamente.

 

 Desvantagens:

- Pode levar ao incumprimento do programa.

- Exige muito tempo.

 

 

c) Método de Trabalho Independente

 

O método de trabalho independente dos alunos consiste em tarefas dirigidas e orientadas pelo professor, para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e criador. É o método com maior actividade do aluno. O aspecto mais importante do método do trabalho independente é a actividade mental dos alunos. O método é aplicado quando os alunos têm conhecimentos já tratados sobre o assunto. Também se aplica quando o material e todos os meios de apoio estão disponíveis e aplica-se ainda quando existe aproveitamento escolar diferente entre os alunos. O professor deve incidir o seu apoio aos alunos com dificuldades. A forma principal do método são os exercícios.

O trabalho independente pressupõe determinados conhecimentos, compreensão da tarefa e do seu objectivo, o domínio do método de solução, de modo que os alunos possam aplicar conhecimentos e habilidades sem a orientação directa do professor. Para que o trabalho independente seja de facto, um método pedagógico, é preciso que seja planeado em correspondência com os objectivos, conteúdos e outros procedimentos metodológicos.

 

 

Vantagens

As suas vantagens consistem no desenvolvimento de independência de auto-aprendizagem e de confiança de si próprio. Para além disso permite o seguinte:

§  Desenvolver habilidades e hábitos de trabalho independente e criativo;

§   Sistematizar e consolidar conhecimentos, habilidades e hábitos;

§   Possibilita a cada aluno e individualmente, resolver problemas, vencer dificuldades e desenvolver métodos próprios de aprendizagem;

§   Possibilita aos alunos o desenvolvimento da capacidade de trabalhar de forma livre e criativa;

§  Possibilita ao professor na observação de cada aluno em suas dificuldades e progressos, bem como a verificação da eficácia do seu próprio trabalho na condução do ensino.

 

Desvantagens

Estas podem ser originadas por falta do controle do tempo, tarefas demasiadamente difíceis, falta de meios de apoio, incluindo a orientação insuficiente de tarefas a realizar.

 

Portanto, para que o método se torne mais eficiente, propõe-se que o trabalho deva ser bem preparado, isto é, planificar cuidadosamente as tarefas, prever o tempo necessário para a realização, dar orientações claras para as questões colocadas, proporcionar os materiais e meios necessários, acompanhar de perto a realização do trabalho e aproveitar o resultado das tarefas para toda a turma.

  

2.5. OS MEIOS DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

 

 Meios de ensino são todos os meios e recursos materiais utilizados pelo professor e pelos alunos para a organização e condução metódica do processo de ensino e aprendizagem. (LIBANEO 1994:173)

 

Importância dos Meios de Ensino

Os meios de ensino tornam o processo de ensino e aprendizagem eficiente e eficaz porque:

- Aproxima o aluno da realidade do que se quer ensinar, dando-lhe noção mais exacta dos factos ou fenómenos estudados.

- Motiva a aula.

- Facilita a percepção e compreensão dos factos e conceitos.

- Concretiza e ilustra o que está sendo exposto verbalmente

- Economiza esforços para levar os alunos a compreensão de factos e conceitos.

- Auxilia a fixação da aprendizagem pela impressão mais viva e sugestiva que os meios podem provocar.

- Dá oportunidade de manifestação de aptidões e desenvolvimento de habilidades especificas com o manuseio ou construção de aparelhos por parte dos alunos.

 

Os meios de ensino para serem realmente auxiliares eficientes do ensino devem:

- Ser adequado ao assunto da aula.

- Ser de fácil apreensão e manejo.

- Estar em perfeito estado de funcionamento, quando se trata principalmente, de aparelhos, pois os mesmos permitem a demonstração dos conteúdos.

 

Para o uso dos meios de ensino recomenda-se:

- Não deve ficar todo ele exposto; aos poucos, pode tornar-se indiferente.

- Deve ser exposto, com mais evidência, o meio referente a unidade que esteja sendo estudado.

- O meio destinado a uma aula deve ficar a mão, a fim de não haver perda de tempo em mandar buscá-lo ou, o que é pior, procurá-lo.

- O meio para uma aula deve ir sendo apresentado oportunamente, e não todo de uma vez, a fim de não desviar a atenção da turma.

- Antes da sua utilização deve ser revisto quanto a suas possibilidades de uso e funcionamento.

 

2.5.1. Classificação dos Meios de Ensino

A classificação dos meios de ensino variam de autor para autor devido à diversidade dos mesmos.

 

De acordo com NERICI (1991:325), os materiais didácticos podem ser classificados em:

- Material permanente de trabalho: quadro negro, apagador, giz, cadernos, réguas compassos, projectores, etc.

- Material informativo: mapas, livros, dicionários, enciclopédias, revistas, jornais, discos, filmes, ficheiros, modelos, caixas de assuntos, etc.

- Material ilustrativo visual ou audiovisual: esquemas, quadros sinópticos, desenhos, cartazes, gravuras, retratos, quadros cronológicos, amostras em geral, discos, gravadores, projectores, etc.

- Material experimental: aparelhos e materiais outros que se prestem a realização de experiências em geral.

 

Ao passo que para PILETTI (1991:151), apresenta as seguintes classificações:

- Recursos visuais: projecções, cartazes, gravuras.

- Recursos auditivos: rádio, gravações.

- Recursos áudio-visuais: cinema, televisão.

 

Apresenta ainda a seguinte classificação:

- Recursos humanos: professor, alunos, pessoal escolar, comunidade.

- Recursos materiais, que-se subdividem em ambientais: natural (água, folha, pedra, etc.) e escolar (quadro giz, cartazes, etc.); da comunidade: bibliotecas, indústrias, lojas, repartições públicas, etc.             

 

Em suma, os professores precisam dominar, com segurança, esses meios auxiliares de ensino, conhecendo-os e aprendendo a utilizá-los. O momento didáctico mais adequado de utilizá-los vai depender do trabalho docente prático, no qual se adquirira o efeito traquejo na manipulação do material didáctico.

 

2.6. FUNÇÕES DIDÁCTICAS DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

 

Funções didácticas são etapas que ocorrem no processo de ensino aprendizagem. Estas funções estão estruturadas e sistematizadas.

 

Cada passo de uma aula corresponde a uma função didáctica predominante. Isso significa que a aula é realizada com mais de uma função didáctica. Contudo, cada fase ou passo da aula corresponde a uma só função didáctica que é dominante, embora nesta mesma fase se registe o envolvimento das restantes, com o fim de, no conjunto, elas assegurem a eficácia de assimilação da matéria.

 

Em cada função didáctica, como momento ou passo da aula que reflecte as regularidades do processo de ensino e aprendizagem, é proposto o tempo de sua duração, conteúdo a tratar, método dominante, conjunto de meios e formas de ensino a utilizar, e inclusive as actividades concretas do professor e dos alunos.

 

As funções didácticas integrantes de uma aula, são as seguintes:

- Introdução e Motivação

- Mediação e Assimilação

- Domínio e Consolidação

- Controlo e Avaliação.

 

 

2.6.1. Introdução e Motivação

 

Esta função didáctica decorre normalmente no princípio de uma aula. Por exemplo na introdução de um tema, o professor deve demonstrar que está presente ou diante de um tema novo.

A função didáctica introdução e motivação desempenha grande papel para o sucesso de aprendizagem dos alunos. Esta tem em vista preparar o aluno para o início da aula e sua fase seguinte. Esta preparação tem três objectivos fundamentais:

- Criar disposição en ambiente favoráveis aos alunos, que possam assegurar o bom decurso da aprendizagem;

- Consolidar o nível inicial e orientar os alunos para o novo conteúdo de aprendizagem; e

- Conseguir uma motivação permanente, com o fim de manter o interesse e atenção dos alunos através de variação de estímulos.

A duração da introdução e motivação depende do objectivo da aula. Todavia, em geral, esta função didáctica dura menos tempo em relação a de mediação e assimilação.

 

a) Motivação

 Motivação é o estado interior emocional que desperta o interesse ou inclinação do indivíduo para algo.

Motivação psicologicamente é o processo que se desenvolve no interior do individuo e o impulsiona a agir mental ou fisicamente em função de algo.

 

Didacticamente a motivação é o processo de incentivo destinado a desencadear impulsos no interior do indivíduo, a fim de predispô-lo a querer participar nas actividades.

Motivar é predispor ao aluno ao que se ensina, e levá-lo a participar activamente nas actividades indicadas pelo professor.

 

Motivação tem por fim estabelecer conexão entre o que o professor pretende que o aluno realize e os interesses deste

 

 

b) Tipos de Motivação

No processo de ensino e aprendizagem encontramos diversos tipos de motivação de acordo com a modalidade de aplicação.

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Motivação intrínseca: quando o aluno é levado a estudar pelo interesse que a própria matéria lhe desperta, por gostar da matéria.

 

Motivação extrínseca: quando o estimulo não guarda relação directa com a matéria leccionada ou quando o motivo de aplicação ao estudo, por parte do aluno, não é a matéria em si. Por exemplo, obter nota para média, necessidade de passar de ano, esperança em obter recompensas, necessidade da matéria para actividades futuras, personalidade do professor, rivalidade entre colegas, etc.

 

Motivação Positiva: quando procura levar o aluno a estudar, tendo em vista o significado mesmo da matéria para a vida do aluno, o encorajamento, o incentivo e o estímulo amigável.

 

Motivação Negativa: é aquela em que o aluno é levado a estudar através de ameaças repreensões e mesmo castigos. Estudo sob o império da coação.

 

A motivação negativa pode apresentar as seguintes modalidades:

 

- Física: quando o aluno sofre castigos físicos, privação de recreio, de brinquedos ou de outra coisa qualquer que-lhe seja necessária ou represente, para ele, alto valor;

 

- Psicológica: quando o aluno é tratado com severidade excessiva, com desprezo, ou se lhe faz sentir que não é inteligente que é menos capaz do que os outros ou se lhe instiga o sentimento de culpa, bem como quando sofre críticas que o envergonhem e o ridicularizem, ou quando é apontado como fraco, como pessoa de má vontade.

 

Na realidade, não há motivação negativa, porque motivação significa um querer íntimo de realizar algo, de alcançar determinados objectivos, mas um querer livre, com aceitação. A motivação negativa manifesta-se quando o aluno é obrigado, sob coação, a realizar determinada tarefa que, por sua vontade, por seu impulso íntimo, não o faria.

 

Motivação Inicial

É aquela empregada no início da aula, em que o professor procura predispor os alunos para os trabalhos que vão ser realizados.

 

Motivação de Desenvolvimento

É empregada durante o transcurso da aula, que deve ser planeada ou aproveitar os incidentes de todo momento para reavivar o interesse dos alunos pelo que está sendo estudado. Assim, procura-se conservar o impulso e a disposição iniciais.

 

Tipos de Alunos segundo a Motivação

Na motivação é importante levar em conta que para ela ser eficiente, é necessário conhecer as diferenças individuais dos alunos com referências a disposição para se entregarem aos trabalhos escolares.

 

1.      Alunos que não precisam de muitos estímulos: motivados por estarem sempre dispostos a fazerem o que o professor planeou. São alunos auto-motivados. Isto significa que eles estão sempre disponíveis para a realização de qualquer tipo de actividade.

 

2.      Alunos que precisam de motivação poderosa para se atirarem aos estudos: estes precisam de incentivos constantes, dentro assim como fora da escola.

 

3.      Alunos com uma motivação estável na sua dedicação aos estudos: isto significa que a motivação que tem é pré-criada ou inata. Aqui o professor não pode exceder nem diminuir os incentivos.

 

4.      Alunos que não se impressionam pelos meios que motivam a maioria da classe ou dos alunos.

 

5.      Alunos facilmente motiváveis, mas sem constância, decrescendo o seu interesse com o transcorrer da aula.

 

Todo e qualquer fracasso que ocorre no ensino tem a ver com a forma ou maneira como o professor transmite e como motiva.

 

Estratégias para a Criação de Motivos

 

- Criar uma situação de necessidades e estabelecer-se simultaneamente uma tensão.

- Colocar objectivos parciais derivados de objectivos gerais capazes de satisfazer as necessidades.

- Ao longo da aula o professor deve referir continuamente os objectivos em forma de tarefas em vista.

- Elogiar os alunos quando entendem.

- Incentivar através de meios materiais, não materiais, através de comunicação verbal e não verbal.

 

Para que a motivação não seja baixa ou enfraquecida é necessário:

- Dar oportunidade aos que mostram vontade de responder.

- Apoiar ao aluno a responder as perguntas.

-Reforçar as respostas.

- Elogiar.

- Discordar pondo em dúvida.

- Apresentar os conteúdos de forma atractiva utilizando matéria didáctico existente.

- O professor deve criar iniciativa de mediação permanente.

 

2.6.2 Mediação e Assimilação

 

A função didáctica mediação e assimilação está no centro do processo de ensino aprendizagem em que se medeia e se assimila a matéria. Ela ocorre desde o princípio até o final de uma aula, isto significa que a função mediação e assimilação ocorre em todas as etapas, isto é, ela tem uma tarefa polivalente.

 

Nesta função didáctica são observados três aspectos fundamentais:

- O nível inicial dos alunos, isto é, situação actual de domínio de conhecimentos;

- Os objectivos a atingire e

- Os conteúdos a seleccionar.

Estes aspectos são a base para a escolha dos métodos de ensino.

 

Para que esta actividade ocorra de forma bilateral, é necessário planificar, executar e verificar.

No decorrer da actividade o professor tem a tarefa de tirar o aluno da zona de capacidade actual (através de colocação de novas exigências), que conduzam ao aluno para a zona de desenvolvimento proximal; fazendo com que o aluno se torne independente e capaz.

Qualquer mediação e assimilação de conhecimentos passa necessariamente por elaborar, executar, controlar e avaliar.

 

A mediação do conteúdo realiza-se através de duas fontes principais:

- Directa, o aluno obtêm conhecimentos através de contacto directo com a realidade por meio de observação, experimentação, demonstração, excursão.

- Indirecta, o conhecimento se adquire através da linguagem verbal e não verbal.

No entanto, no processo de ensino aprendizagem predomina a via indirecta que-se caracteriza por exposição oral do professor. Contudo, o processo de ensino aprendizagem funciona melhor quando se utilizam ambas as vias.

 

Normas de Apresentação

1-      Ordenação dos conteúdos de forma a facilitar a compreensão;

2-      Exemplificação;

3-      Comparação;

4-      Apresentação por destaque (destacar o que é fundamental);

5-      Regularização do ritmo (apresentar pausadamente os conteúdos);

6-      Concretização (estudo directo dos conteúdos);

7-      Participação de todos.

 

2.6.3. Domínio e Consolidação

 

É o momento da aula em que o aluno realiza várias acções, com o fim de consolidar os conhecimentos mediados e assimilados. Essa consolidação os alunos realizam através de algumas acções tais como: repetir e resumir; sistematizar e integrar; exercitar; e aplicar.

Consolidar não é só não esquecer, mas dominar, para elevar o nível das capacidades, das atitudes e convicções.

 

Componentes do Domínio e Consolidação

No domínio e consolidação encontramos as seguintes componentes: consolidação, sistematização, aplicação. Estas três componentes formam uma unidade dialéctica a saber:

 

1 – A consolidação dos conteúdos permite o desenvolvimento de um sistema de conhecimentos, isto é, a consolidação condiciona a sistematização.

 

2 – A consolidação dos conhecimentos, habilidades, facilita a aplicação dos mesmos em situações novas. A consolidação condiciona a aplicação.

 

3- Os conteúdos sistematizados, estruturados são mais bem fixados do que os desorganizados. A sistematização condiciona a consolidação.

 

4- O saber, saber fazer, ser e estar, sistematizados facilitam a escolha de elementos necessários para a aplicação. A sistematização condiciona a aplicação.

 

5- A aplicação do aprendido leva a flexibilidade dos sistemas de conhecimentos e habilidades. A aplicação condiciona a sistematização.

 

6- Atraves da aplicação consegue-se um efeito consolidativo do aprendido que será tanto mais forte quanto mais for independente a aplicação. A aplicação condiciona a consolidação.

 

Portanto, a função didáctica domínio e consolidação dá informação ao professor sobre como o aluno percebeu a matéria e quais os aspectos precisam de reparo ou de mais explicação.

 

2.6.4. Controle e Avaliação

Esta função didáctica consiste em acompanhar todo o processo de ensino e aprendizagem, avaliando-se as actividades do professor e dos alunos, em função dos objectivos definidos. Avalia-se, no entanto, o nível atingido, identificam-se os problemas ou dificuldades que existem e propõe-se, no fim, medidas para sua superação.

 

 Para isso, são empregados procedimentos e instrumentos de mensuração (observação provas, testes, exercícios teóricos e práticos, tarefas) que proporcionam dados quantitativos e qualitativos.

 

2.6.4.1.Tipos de aulas segundo suas Funções

Como podemos observar, durante o processo de ensino e aprendizagem, encontramos uma relação recíproca das funções didácticas, isto é, elas estão presentes em todos momentos, variando de acordo com o tipo de aula a desenvolver. Sendo assim, encontramos os seguintes tipos:

 

a)      Aula de introdução de novo conteúdo: é o tipo de aula em que o aluno inicia-se na apropriação do conteúdo de ensino.

b)      Aula de assimilação ou de desenvolvimento de conteúdo: é onde o aluno trabalha com o conteúdo de ensino e desenvolve as habilidades e capacidades específicas da disciplina.

c)      Aula de sistematização do conteúdo de ensino: é aquela aula onde o aluno integra os conteúdos e possibilitam-lhe resolver os problemas específicos da disciplina.

d)     Aula de avaliação de aprendizagem do aluno: é nesse tipo de aula onde o professor e os alunos constatam o nível alcançado no cumprimento dos objectivos propostos.

 

 

2.7. NIVEIS MACRO E MICRO DA PLANIFICAÇÃO

 

A planificação é uma actividade que inclui tanto a previsão das actividades didácticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objectivos propostos, quanto a sua revisão e adequação no decorrer do processo de ensino. A planificação é um meio para se programar as acções docentes, mas é também um momento de pesquisa e reflexão intimamente ligado à avaliação.

 

A planificação é uma exigência que, dia a dia, se impõe em todas as actividades humanas. O trabalho docente não pode fugir dela, principalmente se atentarmos nas consequências morais e sociais que ele implica.

 

2.7.1. Importância da Planificação

A planificação de ensino tem as seguintes funções:

a) Explicitar princípios, directrizes e procedimentos do trabalho docente que assegurem a articulação entre as tarefas da escola e as exigências do contexto social e processo de participação democrática.

 

b) Expressar os vínculos entre o posicionamento filosófico, político-pedagógico e profissional e as acções efectivas que o professor irá realizar na sala de aula, através de objectivos, conteúdos, métodos e formas organizativas do ensino.

 

C) Assegurar a racionalização organização e coordenação do trabalho docente, de modo que a previsão das acções docentes possibilite ao professor a realização de um ensino de qualidade e evite a improvisação e a rotina.

 

d) Prever objectivos, conteúdos e métodos a partir da consideração das exigências postas da realidade social, do nível de preparo e das condições socio-culturais e individuais dos alunos.

 

e) Assegurar a unidade e a coerência do trabalho docente, uma actividade que torne possível inter-relacionar, num plano, os elementos que compõem o processo de ensino: os objectivos (para que ensinar), os conteúdos (o que ensinar), os alunos e suas possibilidades (a quem ensinar), os métodos e técnicas (como ensinar) e a avaliação, que está intimamente relacionada aos demais.

 

f) Actualizar o conteúdo do plano sempre que é revisto, aperfeiçoando-o em relação aos progressos feitos no campo de conhecimentos, adequando-o às condições de aprendizagem dos alunos, aos métodos, técnicas e recursos de ensino que vão sendo incorporados na experiência quotidiana.

 

g) Facilitar a preparação das aulas: seleccionar o material didáctico em tempo hábil, saber que tarefas professor e alunos devem executar, replanificar o trabalho frente a novas situações que aparecem no decorrer das aulas.

 

Para que os planos sejam efectivamente instrumentos para a acção, devem ser como um guia de orientação e devem apresentar ordem sequencial, objectividade, coerência, flexibilidade.

 

Nesta ordem de ideias, existem três tipos de planos articulados entre si:

- Plano de Curso ou de Ensino;

- Plano de Unidade;

- Plano de Aula.

 

2.7.2. Plano de Curso

 

O plano de curso representa previsão de todas as actividades escolares a serem desenvolvidas em uma actividade ou disciplina, durante um período lectivo, que pode ser semestral ou anual, incluindo, quando for o caso relacionamento com as séries anterior e posterior a fim de tornar o ensino mais orgânico, eficiente e com sentido de continuidade.

É denominado também plano de unidades didácticas e contém os seguintes componentes: justificativa da disciplina em relação aos objectivo da escola; objectivos gerais, específicos, conteúdos (com a divisão temática de cada unidade); tempo provável e desenvolvimento metodológico.

 

Assim, a planificação do curso é a previsão de que melhor se possa fazer no sector de um currículo, durante um período lectivo de duração variável, mas que comumente é semestral ou anual.

 

2.7.3. Plano de Unidade

 

Plano de unidade ou unidade de ensino é um instrumento de trabalho mais pormenorizado que o plano de curso, e se desenvolve ao redor de um tema central ou assunto significativo para o aluno.

 

É um esboço de propósitos, conteúdos, problemas, actividades e matérias relacionados com dado assunto. É uma directriz geral da qual poderão ser deduzidas as experiências particulares que forem mais proveitosas a uma determinada turma. O plano de unidade não substitui o plano de aula, mas serve como um rico repositório de ideias, actividades e materiais que podem ser usados a fim de facilitar a planificação para um determinado grupo de crianças.  

 

2.7.4. Plano de Aula

Plano de aula é um instrumento de trabalho que especifica os comportamentos esperados do aluno e os meios, conteúdos, procedimentos e recursos- que serão utilizados para a sua realização, buscando sistematizar todas as actividades que-se desenvolvem no período de tempo em que  professor e aluno interagem, numa dinâmica de ensino e aprendizagem.

 

O plano de aula, é um projecto de actividade. Destina-se a indicar elementos concretos de realização da unidade didáctica e, consequentemente do plano de curso.

 

2.7.5. Prática de elaboração de Plano de Aula e Dialéctica de Objectivos-Conteúdos           e Métodos

Na elaboração de um plano de aula, é fundamental obedecer determinados passos a saber:

- O primeiro passo é indicar o tema central da aula.

Deve também tomar o tópico da unidade a ser desenvolvido e desdobrar numa sequência lógica, na forma de conceitos, problemas e ideias. Trata-se de organizar um conjunto de noções básicas em torno de uma ideia central, formando um todo significativo que possibilite o aluno uma recepção clara e coordenada do assunto em questão. Ao mesmo tempo em que são listadas as noções, conceitos, ideias e problemas, é feita a previsão do tempo necessário.

 

- A seguir deve-se estabelecer os objectivos da aula; exemplo, até o final  da aula o aluno deve ser capaz de:

- Em terceiro lugar estabelecem-se os procedimentos e recursos de ensino, isto é, estabelecem-se as formas de utilizar o conteúdo seleccionado para atingir os objectivos propostos.

- Finalmente a planificação da aula deve prever como será feita a avaliação. Aqui, o professor deve prever formas de verificação de rendimento dos alunos. É importante durante este processo recordar que, a avaliação é feita no inicio (o que o aluno sabe antes do desenvolvimento da matéria nova), durante e no final da aula.

A avaliação deve conjugar variadas formas de verificação, podendo ser informal, para fins de diagnóstico e acompanhamento do progresso dos alunos, e formal, para fins de atribuição de notas ou conceitos.

No entanto, um bom plano de aula deve ter as seguintes características:

- Ser elaborado em função das necessidades e das realidades apresentadas pelos alunos.

- Ser flexível, isto é deve dar margem a possíveis reajustamentos sem quebrar sua unidade e continuidade. O plano pode ser alterado quando se fizer necessário.

- Ser claro e preciso, isto é, os enunciados devem apresentar indicações bem exactas e sugestões bem concretas para o trabalho a ser realizado.

- Ser elaborado em intima correlação com os objectivos visados.

- Ser elaborado tendo em vista as condições e imediatas de local, tempo e recursos disponíveis.

 

2.8. AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

De acordo com a complexidade do processo de ensino e aprendizagem, encontramos diversos conceitos de Avaliação, variando de autor para autor.

 

Assim, para PILETTI (1991:190), “Avaliação é um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento, propostas nos objectivos, a fim de que haja condições de decidir sobre alternativas da planificação do trabalho do professor e da escola como um todo”.

 

 

 Para LIBANEO (1994:196), a “Avaliação é um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objectivos propostos e, dai, orientar a tomada de decisões em relação as actividades didácticas seguintes”.

 

Na óptica de SALUBBI, 1971 apud TURRA et al (1975:177), “Avaliação educativa é um processo complexo que começa com a formulação de objectivos e requere a elaboração de meios para obter evidência de resultados, interpretação dos resultados para saber em que medida foram os objectivos alcançados e formulação de um juízo de valor”.

 

A partir dos conceitos acima mencionados, podemos concluir que:

a) A avaliação não é um fim, mas um meio. Ela é um, meio que permite verificar até que ponto os objectivos estão sendo alcançados, identificando os alunos que necessitam de atenção individual e reformulando o trabalho com a adopção de procedimentos que possibilitem sanar as deficiências identificadas.

 

b) O próprio aluno precisa perceber que a avaliação é apenas um meio. Nesse sentido o professor deve informá-lo sobre os objectivos da avaliação e analisar com ele os resultados alcançados.

 

c) A avaliação, sendo um processo contínuo, não é algo que termine num determinado momento, embora possa ser estabelecido um tempo para realiza-la.

 

2.8.1.Tipos e Funções de Avaliação

 

A avaliação se desenvolve, nos diferentes momentos do processo de ensino aprendizagem, com objectivos distintos. Para isso encontramos os seguintes tipos de avaliação e as suas respectivas funções:

 

a) Avaliação Diagnóstica: realiza-se no início do processo, por exemplo no início de uma unidade, semestre ou ano lectivo. Ela é utilizada para verificar os conhecimentos que os alunos têm de modo a encaminhar os que não apresentam padrão aceitável para novas aprendizagens, pré-requisitos que os alunos apresentam para propor actividades com vistas a superar as deficiências e particularidades dos alunos de modo a individualizar o ensino.

 

b) Avaliação Formativa: realiza-se ao longo do processo de ensino aprendizagem com a função controladora. Este tipo de avaliação tem propósitos de informar o professor e o aluno sobre o rendimento de aprendizagem e localizar as deficiências na organização de ensino.

 

c) Avaliação somativa: é também chamada de classificatória ou tradicional porque classifica os alunos no fim de um semestre, ano, curso ou unidade segundo níveis de aproveitamento e é expressa em graus (notas).

 

2.8.2. Critérios de Avaliação

 

Tendo como ponto de partida a ideia de que a avaliação é um processo e como tal, é mais efectiva quando baseada em sólidos critérios ou princípios operacionais tais como:

 

a)      Estabelecer com clareza o que vai ser avaliado. Este passo permite estabelecer se se vai avaliar o aproveitamento, a inteligência, o desenvolvimento sócio-emocional, etc.

b)      Seleccionar técnicas adequadas para avaliar o que se pretende avaliar.

c)      Utilizar, na avaliação, uma variedade de técnicas.

d)     Ter consciência das possibilidades e limitações das técnicas de avaliação.

e)      A avaliação é um meio para alcançar fins e não um fim em si mesmo.

 

2.8.3. Etapas de Avaliação

 

1.      Determinar o que vai ser avaliado, ou seja formular os objectivos em termos de comportamento observável, bem como distinguir as dimensões realmente mensuráveis do atributo.

2.      Estabelecer os critérios e as condições para a avaliação.

3.      Seleccionar os procedimentos e instrumentos de avaliação.

4.      Quantificar o atributo em unidade de grau ou quantidade.

 

 

2.8.4. Modalidades de Avaliação de Aprendizagem

 

Há diversas formas do professor inteirar-se do aproveitamento de seus alunos, que são, mais ou menos, as mesmas para todas as disciplinas.

A avaliação da aprendizagem pode ser feita através de provas orais, escritas e práticas ou prático-orais.

 

Os testes escritos subdividem-se em testes de falso ou verdadeiro, de múltipla escolha, de lacunas, de enumeração, de correspondência de identificação, ordenação, de sinónimo-antónimo, de julgamento, de afirmação, analogia, de problemas, de exercício, de interpretação e de equivalência.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

3. BIBLIOGRAFIA

 

LIBÂNEO, J. C. Didáctica, Cortez, Ed, S. Paulo, 1997.

 

MOJANE, L. J, DAVUCA, J. A. C, ROMÃO, F. P. Manual de Didáctica em                                  Enfermagem. Ed. FNUAP. Maputo,1999.

 

NERICI, I. G. Introdução a Didáctica Geral, 2ed. Edições Atlas. São Paulo, 1989.

 

NERICI, I. G. Didáctica Geral, 16ed. Edições Atlas. São Paulo, 1991.

 

PILETTI, Claudino. Didáctica Geral. 12ed. Ed. Ática, S. Paulo, 1991.

 

TURRA, Clódia e tal. Planejamento de ensino e avaliação, 5ed, Edicao Emma. Porto Alegre, 1975.

 

 


Comentários

Jacinto disse…
agora pra baixar manuais é como? muita agente estão me perguntando

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