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Factores de formação dos solos

1   1.Factores da formação dos solos

Todos os solos existentes na paisagem reflectem sua história. Desde o primeiro instante de sua génese até o presente, fenómenos físicos e químicos diferenciados ocorreram no material que lhes deu origem, motivando progressivas transformações que se reflectem na sua morfologia e nos seus atributos físicos, químicos e mineralógicos, identificando-os.

Factores da formação dos solos que motivam directa ou indirectamente as manifestações mais ou menos agressivas daqueles fenómenos: relevo, clima, organismos, tempo e material de origem.

1.1. O Clima na formação dos solos

O clima constitui um dos mais activos e importantes factores de formação do solo.De seus elementos, pela acção directa na pedogénese:

ü  A temperatura;

ü  A precipitação pluvial;

ü  A deficiência e o excedente hídrico.

Segundo GUERRA (1999:340) O clima participa na formação do solo, na medida em que, através de energia solar, da humidade e, principalmente da precipitação, controla o tipo e a intensidade dos processos formadores. É considerado factor activo, que age sobre o material de origem consolidado ou não, o relevo, a vegetação e os organismos.

Entretanto, a teoria de matéria orgânica diminui com a elevação da temperatura, em função do aumento do processo de mineralização. A ausência de água inibe a intemperização das rochas, enquanto o aumento da temperatura eleva a sua velocidade. Em climas muito humidos, o solo tende a ser profundo, lixiviado de bases, com acumulação residual de óxidos de ferro e alumínio e predomínio de caulinita, como o caso dos latossolos, frequentemente alicos, da amazonia. Em climas aridos e semi- aridos, os solos são rasos, ricos em bases, com acumulação de carbonato de cálcio e presença de salinidade. (idem)


O enorme volume de água que percorre através dos solos nas regiões húmidas promove a hidratação de constituintes e favorece a remoção dos cátions liberados dos minerais pela hidrólise, acelerando as transformações de constituintes e, consequentemente, o processo evolutivo do solo.

1.2. O relevo na formação dos solos

Na luz MONIZ (1975:459) A acção do relevo reflecte directamente sobre a dinâmica da água, tanto no sentido vertical (infiltração) como lateral (escorrimentos superficiais – enxurradas – e dentro do perfil); indirectamente sobre o clima dos solos (temperatura e humidade), através da incidência diferenciada da radiação solar, do decréscimo da temperatura com o aumento das altitudes, e sobre os seres vivos – os tipos de vegetação natural importantes na formação dos solos.

Os solos de relevo íngreme são submetidos ao rejuvenescimento, através dos processos erosivos naturais e, em geral, apresentam clima mais seco do que aqueles de relevo mais suaves.

Os solos rasos e pouco profundos das vertentes declivosas são naturalmente co-habitados por matas mais secas do que as dos terrenos contíguos menos íngremes.

Disso resultam solos menos profundos e evoluídos do que os situados em condições de relevo mais suave, onde as condições hídricas determinam ambiente húmido mais duradouro.

Em terrenos aplainados, a eliminação da água pelo escorrimento superficial é diminuta; Assim, há um acentuado fluxo de água através do perfil, favorecendo a lixiviação em sistema de drenagem livre.

Nos terrenos de relevo subaplainado ou deprimido, em ambiente de drenagem impedida, determinando sistema fechado, as condições são ideais para os fenómenos de redução, devido ao prolongado encharcamento, resultando em solos particulares, denominados hidromórficos.

Outra implicação importante do relevo é sobre a taxa de radiação e, consequentemente, sobre o clima do solo em diferentes situações de exposição dos terrenos à acção solar.

Em regiões montanhosas, por exemplo, dependendo da orientação das encostas, variação de incidência da radiação solar é significativa.

A inclinação, comprimento, orientação das encostas e posição topográfica são características do relevo que influenciam directamente a formação do perfil de solo.

 

1.3.Rocha – Mãe (material de origem)

Na óptica OLIVEIRA (1992:201) O material de origem representa o estado inicial do sistema que pode ser uma rocha consolidada, um deposito inconsolidado ou ainda um solo preexistente, constituindo- se em elemento passivo na formação dos solos, sobre o qual actuarão outros factores que o transformarão.

Através da sua decomposição e desintegração, a rocha matriz fornece matéria-prima para a formação dos solos, assumindo um importante papel na determinação de suas propriedades. As características das rochas que influenciam mais directamente na génese dos solos: São composição mineralógico, resistência mecânica do tempo trenscorrido, o material parental influência maior ou menor nas caracteristicas do solo, notadamente, cor, textura, estrutura minerologica e índice de acidez.

Contudo, é preciso considerar o dinamismo dos processos formadores que, a partir de um mesmo tipo de rocha, sob condições climáticas distintas, formam solos distintos, ao mesmo tempo em que diferentes tipos de rochas sob condicoes climaticas análogas que podem originar solos semelhantes.

1.4.O Tempo na formação dos solos

A idade de um solo expressa o tempo durante o qual actuaram os processos formadores, o tempo, neste caso, pode ser absoluto ou relativo. O primeiro caso refere-se a idade cronológica, ou aos números de anos necessários para a formação do solo, que varia, grandemente, em função do tipo de material de origem e clima. Em linhas gerais, rochas compactas em climas temperados e frios exigirão um período muito mais longo para a formação dos solos do que arenitos. Por exemplo: Em clima tropical húmido. JORGE & VIERA (1988:464).

Segundo diz respeito ao grau de desenvolvimento do solo, analisado de forma qualitativa. Baseando-se em critérios morfológicos, o solo pode ser considerado jovem e imaturo. Quando apresenta pouca espessura e desenvolvimento escasso, ou mais evoluído ou envelhecido ou maduro. Quando os horizontes são mais desenvolvidos.

 Contudo, o estado do sistema solo não é estático: varia no transcorrer das transformações, transportes, adições e perdas que têm lugar na sua formação e evolução. O conhecimento da duração do período de gestação dos solos é, contudo, muito complexo.

1.5. Matéria Orgânica na formação dos solos

 A formação do solo e resultado da acção combinada de factores abióticos e bióticos. Os factores bióticos referem-se aos seres vivos, representados pelos animais, vegetais e microorganismos. A formação do verdadeiro solo ocorre somente quando, aos elementos derivados da acção dos factores intempericos, juntam-se elementos coloidais, que favorecem a instalação dos organismos vivos BRADY (1979:355).

A actividade da fauna no solo é intensa e variada. Ela pode actuar em superfície e em profundidade, triturando e misturando matérias do solo, o que contribui para a sua estruturação, permeabilidade e aeração, sendo capaz de destruir horizontes, através da perda de suas características por perturbação (PORTA et al., 1994).

Vale ressaltar aqui os papéis da formiga e da minhoca. A formiga e capaz de inverter as camadas do perfil do solo, trazendo material de subsuperficie para o topo do solo, enquanto a minhoca ingere grande quantidade de terra (ate 15 toneladas por hectare por ano), que eliminada. Após a acção de enzimas digestivas, contendo elementos minerais disponíveis as plantas e com elevada capacidade de troca catiónica e resistência a desagregação pela água KIEHL (1979:262).

A vegetação possui papel directo como factor do solo, através da sua intervenção no processo de intemperização, fragmentado a rocha, em função do crescimento das raízes; através da acção colonizadora dos liquens; e do aporte de matéria orgânica ao solo. A vegetação actua também como filtro protector para a radiação solar e a chuva, regulando a temperatura, humidade e a evaporação, e evitando o splash (salpicamento do solo), através da interceptação das gotas de chuva; diminui o escoamento superficial e a erosão hídrica, pelo aumento da infiltração; e serve como barreira natural contra a acção erosiva dos ventos JORGE (1988:307).

Luz de JORGE & PORTA (1988: S/p), “A importância da microflora (bateria, algas, fungos e actinomicetos reflecte-se na decomposição de material orgânico biodegradação, na transformação de minerais do solo e na filtração do nitrogénio atmosférico”.

É valido, ainda, citar a acção indirecta do homem, através da possibilidade de modificação nos demais factores de formação dos solos, aumentando ou diminuindo sua eficiência. Certas acções do homem podem provocar alterações no clima, no relevo e na cobertura vegetal, que, por sua vez, terão acções diferenciadas sobre a pedogénese.


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