1. Migração
A
palavra Migração vem do latin migratìo, ónis, que significa “passagem de um
lugar para outro”. Movimento de indivíduos ou grupos, de um local de residência
para outro, com intenção de ali permanecerem durante certo período de tempo. O
tempo “migração” terio sido criado após o estabelecimento dos chamados
Estados-Nacoes para identificar o cruzamento, por estrangeiros, de duas
fronteiras. (BORTOLOTO, 2011:123)
Na
vertente de PIRES (s/d:51) “A migração é
um movimento que de um lado se configura em emigração, quando o movimento é de
saída de um determinado país; e imigração, quando o movimento é de entrada em
um determinado país”.
1.2.
Tipos de Migrações
As
migrações podem ser de vários tipos.
Se
considerarmos o espaço de deslocamento temos: migração internacional ou externa
e migração nacional ou interna.
Há migrações internas, quando ocorridas dentro do mesmo pais, e migrações externas: emigração (quando há um movimento de saída para o estrangeiro) e imigração (quando há movimento de entrada vindo do estrangeiro). Actualmente acredita-se que cerca de 120 milhoes de pessoas estejam vivendo fora do pais de origem. Dentre estes estao trabalhadores legais, ilegais e inclusive refugiados. (BORTOLOTO, 2011:123)
ü Migração
Internacional ou Externa: aquela que se realiza de um país para o outro.
ü Migração
Nacional ou Interna: aquela que se realiza dentro do mesmo país. Essa se
subdivide em:
§ Migração
Inter-Regional: aquela que se realiza de uma região para outra.
§ Migração
Intra-Regional: aquela que se realiza dentro da mesmo região.
Se
levarmos em consideração o tempo de permanência do migrante temos:
ü Migração
Definitiva: quando a migração se dá sem que o migrante saia mais do local para
onde foi, ou que não voltei mais para o local de onde saiu.
ü Migração
temporária: quando a migração se dá por um tempo que pode ser
determinado ou indeterminado.
Se
considerarmos a forma como se deu a migração tem:
ü Migração espontânea:
quando ela se dá por vontade própria do migrante.
ü Migração forçada:
quando ela se dá por uma vontade externa ao interesse do migrante.
ü Migração
planeada: quando ela se dá de forma planejada a fim de
cumprir um determinado objectivo.
1.2.1. Alguns Tipos de Migrações Internas
Dentre
as migrações internas temos os seguintes movimentos:
ü Êxodo rural:
tipo de migração que se dá com a transferência de populações rurais para o
espaço urbano. Esse tipo de migração em geral tende a ser definitivo. As
principais causas dele são: a industrialização, a expansão do sector terciário
e a mecanização da agricultura.
O
êxodo rural está directamente ligado ao processo de Urbanização.
ü Êxodo Urbano:
tipo de migração que se dá com a transferência de populações urbanas para o
espaço rural. Hoje em dia é um tipo de migração muito incomum.
ü Migração Urbano-urbano:
tipo de migração, que se dá com a transferência de populações de uma cidade
para outra. Tipo de migração muito comum nos dias actuais.
ü Migração Sazonal:
tipo de migração que se caracteriza por estar ligada as estações do ano. É uma
migração temporária onde o migrante sai de um determinado local em um
determinado período do ano, e posteriormente volta, em outro período do ano, é
a chamada transumância. É o que acontece por exemplo com os sertanejos do
Nordeste brasileiro.
ü Migração
diária ou pendular: tipo de migração característico de
grandes cidades, no qual milhões de trabalhadores saem todas as manhãs de sua
casa em direcção do seu trabalho, e retornam no final do dia. Os momentos de
maior aglomeração de pessoas são chamados de rush Isso se dá em virtude da periferização dos trabalhadores que
muitas vezes moram a vários quilómetros de distância de seu trabalho, em alguns
casos até mesmo em outras cidades que passam a ser chamadas de cidades dormitório. Nesse tipo de
migração está incluído o commuting, movimentação diária de pessoas que moram em
um país e trabalham ou vão buscar serviços em outro, os chamados
transfronteiriços.
ü Nomadismo:
tipo de migração, que se caracteriza pelo deslocamento constante de populações
em busca de alimentos, abrigo. Esse tipo de migração é típico de sociedades
primitivas e por conta disso se encontra em extinção.
1.3. Migração rural/urbana
A migração
rural-urbana é a mudança de pessoas do meio rural para o meio urbano. Segundo
WOORTMANN (1990), a migração é um dos espaços sociais constituídos por membros
da população rural para garantirem sua reprodução física e social. Haveria três
tipos de migração, os quais se relacionam entre si, mas cada um com um
significado específico: pre-matrimonial; circular (temporária) e definitiva –
que ocorre quando alguns membros da família migram para que outros possam
permanecer na terra e continuar se reproduzindo.
1.3.1.
Factores da
Migração rural/urbana
De
modo geral, para Schneider e Fialho (2000), os avanços tecnológicos
corroboraram para a ocorrência da deterioração nas condições de vida dos
indivíduos residentes no meio rural.
No
entendimento de Portela e Vesentini (1995, p. 10), o avanço do capitalismo cria
a mecanização do campo, fazendo com que máquinas substituam a mão-de-obra
humana, o que acarreta em desemprego e leva pequenas propriedades ao
empobrecimento, em função da expansão das grandes propriedades rurais. Em suma,
a razão básica da migração do campo para a cidade está ligada ao avanço do
capitalismo no campo que, por sua vez, exerce pressão económica e fomenta
ilusões de uma vida melhor na cidade, que nem sempre se confirma.
Os
agentes económicos são mais amplos e apresentam características mais expansivas
na implicação das migrações. Os fluxos migratórios relacionados a estes agentes
estão reflectidos em factores que incluem a busca por melhores oportunidades de
emprego e ou de remunerações mais atractivas, inovações tecnológicas e
mecanização agrícola da produção rural que substituem a mão-de-obra. Ademais,
as ocorrências de desastres naturais que repelem expectativas futuras de
produções positivas e até mesmo da permanência no campo, além da baixa
qualidade de ensino e das péssimas condições de infra-estrutura e serviços
precisam ser levadas em conta. (SOUZA & COSTA, 2008 apud CONTI 2012, p. 33)
Na
perspectiva Weisheimer (2009) verificou que a agricultura é vista de forma
negativa pelos jovens, quando comparada com outras actividades, principalmente,
pelas moças. Entre os aspectos negativos se destacam a ausência de férias e de
fins-de-semana livres, aliados a actividades agrícolas duras e difíceis, que
submetem os trabalhadores ao frio e ao calor em situações difíceis e com
rendimentos baixos e instáveis.
Cabe
considerar que o meio urbano desperta em muitos agricultores, principalmente,
aos mais jovens e àqueles com pequenas perspectivas de desenvolvimento no meio
rural, ofertas de empregos e de elementos que os fascinam. É possível que, para
muitos deles, o principal motivo que os induza a abandonar o campo não seja a
vontade de viver na agitação das cidades, mas sim a impossibilidade de
alcançarem seu desenvolvimento económico através de actividades agrícolas que
lhes garantam renda constante, conforme constatam CONTI E MAGRI (2005)
1.4.
Factores que condicionam a os movimentos migratorios
ü Os factores de atracão
- estão ligados ao potencial ou poder de atracão exercido pelas características
da localidade de destino, gerando no pensamento dos indivíduos a ideia de que a
vida em tal localidade seria melhor, mais fácil ou de maior qualidade. São
esses factores que determinam a orientação desses fluxos e as áreas às quais
eles se destinam.
ü Os factores de repulsão
- estão relacionados ao local de origem e são formados por um grupo de
acontecimentos ou características dominantes nesta localidade que tornam a vida
mais difícil, repelindo a população, ou seja, conduzindo-a à decisão de migrar.
Estes factores definem as áreas de origem dos movimentos migratórios. E esses
factores podem ser: Naturais – como
a desertifição de um local, seca prolongada, inundações, terramotos.
ü Factores Humanos
a)
Politicas
– incluindo guerras civis, revoluções,
conflitos separatistas;
b)
Religiosas
– incluem as perseguições religiosas.
c)
Económicas
– são as de maior importância no caso das migrações internas. Incluem a
decadência económica de uma região e o crescimento de outra. Podemos observar
que a maior parte dos migrantes se desloca a procura de um emprego, de melhores
níveis salariais e de melhor padrão de vida.
1.5. Movimentos Migratórios - Fluxos
Migratórios
A
população desloca se de um ponto para outro, por causa das exigências da vida e
isso merece muita atenção nas ciências humanas.
Fluxo migratório é uma referência
genérica ao movimento de entrada (imigração)
e saída de pessoas (emigração).
Migrante é todo aquele que saiu de seu lugar de moradia por um período mais ou
menos longo de tempo. Para o lugar de onde ele saiu o migrante é um emigrante.
No lugar para onde ele vai, ele será um imigrante. E isso vale para os fluxos
entre países ou entre os estados e regiões de um mesmo país. (PIRES;
S/D:57)
Os
fluxos populacionais foram incrementados a partir do desenvolvimento do sistema
de transporte (Rodoviário, hidroviário, ferroviário e aéreo) e das
telecomunicações, que ofereceram maior mobilidade às pessoas em todo mundo.
Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), aproximadamente 175 milhões de
pessoas vivem fora do país de origem.
Os
fluxos populacionais entre países são denominados de migrações internacionais,
essas podem ocorrer por atracção ou por repulsão, a primeira geralmente
acontece quando as pessoas vivem em países nos quais não há boas condições de
vida e de trabalho, são atraídas rumo a países desenvolvidos, como Estados
Unidos, países da Europa desenvolvida e Japão, a segunda são migrações onde o
indivíduo deixa seu país devido a problemas políticos, perseguições, guerras,
entre outros.
A
maioria das migrações internacionais ocorre pela busca de trabalho, as
principais correntes migratórias emergem de Latino-Americanos, Africanos e
Asiáticos em direcção aos EUA, Europa e Japão. Os trabalhadores migrantes
enviam dinheiro para sua terra natal, algumas estimativas revelam que eles
movimentam anualmente cerca de 58 biliões de dólares. Outra modalidade de
migração internacional é a de fluxo de refugiados, indivíduos que sofrem
perseguições de ordem política, religiosa ou étnica. Na década de 1970, havia
cerca de 2,5 milhões de refugiados, hoje esse número chega aos 25 milhões,
decorrentes de acontecimentos geopolíticos como: o fim do socialismo, a
diminuição de ajudas financeiras e humanitárias e principalmente pela expansão
do fundamentalismo Islâmico. São considerados migrantes refugiados cerca de 25
milhões de pessoas, que foram obrigados a deixar seus lares devido a problemas
ambientais, como desmatamento, desertificação, erosão dos solos e desastres
químicos e nucleares. ( ibdem)
As
origens dos refugiados são as mais variadas, mas geralmente possuem algumas
características, como origem de países subdesenvolvidos, no qual a renda per
capita média está abaixo de 500 dólares e há alto índice de analfabetismo,
governos ditatoriais que violam os direitos humanos de determinada parcela da
população, na forma de perseguições políticas e torturas, extermínio étnico e
discriminações religiosas e culturais.
Por
fim, existe um fluxo, agora sem agravante, que é o turístico, que são motivados
pela busca de lazer, cultura e religião, esse processo motiva a comercialização
de viagens em grande escala a custos mais reduzidos (pacotes de viagens), mas
esse tipo de fluxo é privilégio de uma restrita parcela da população mundial.
1.6. Consequências dos Movimentos Migratórios
Várias
são as consequências das migrações, segundo COELHO e TERRA (2001) apud PIRES
(S/D:53), podemos destacar as seguintes:
a) Contribuição e
influência no processo de ocupação e povoamento, na distribuição geográfica da
população e, é claro, no próprio desenvolvimento económico;
b) Contribuição no
processo de miscigenação étnica e na ampliação e difusão cultural entre povos;
c) Quando a emigração
significa perda de mão-de-obra qualificada (fuga de cérebros), os prejuízos
para o país emigratório são enormes, ao passo que para o país imigratório as
vantagens são muito grandes;
d) Podem acarretar
mudanças de costumes, concorrência à mão-de-obra local e problemas políticos
ideológicos, raciais;
e) Vantagens económicas
para os países que não têm condições de atender as necessidades básicas de suas
populações.
A constante saída de pessoas de um país em
busca de novos horizontes socio-económicos cria um conjunto de consequências:
ü A
emigração altera o equilíbrio demográfico;
ü A emigração introduz alterações na estrutura
socio-económica do país;
ü A emigração cria contrastes, cada vez mais
marcados, entre regiões O fenómeno migratório não se reflecte apenas na
distribuição da população.
Bibliografia
BORTOLOTO,
Maurício. Glossário de Geografia-2011.
CONTI,
Daniele Taíse. Estudo dos factores que influenciam na migração rural/urbana. Horizontania-2012
CONTI,
Irio Luiz; MAGRI, Cledir Assísio. Agricultura
Familiar: caminhos e transições. Passo Fundo: IFIBE, 2005.
PIRES,
Carlos Manuel Santos, Geografia da População e de Povoamento, UCM – CED, BEIRA, S/d
PORTELA,
Fernando; VESSENTINI, José W. Êxodo
Rural e Urbanização. 1. Ed. – São Paulo, 1995.
SCHNEIDER,
Sérgio; FIALHO, Marco António Verardi. Pobreza
rural, desequilíbrios regionais e desenvolvimento agrário no Rio Grande do Sul.
Teoria e
Evidência Económica, Passo Fundo -
RS, 2000.
WEISHEIMER,
Nilson. A situação juvenil na
agricultura familiar. Porto Alegre: Ed. UFRGS, 2009.
WOORTMANN,
K. Migração,
família e campesinato. Revista
Brasileira de Estudos de População. 1990.
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