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TEORIAS DEMOGRÁFICAS

TEORIAS DEMOGRÁFICAS 


1.      Definição de conceitos

1.1 Teoria

É o conjunto de princípios fundamentais de uma arte ou de uma ciência. Teoria é uma opinião sintetizada, é uma noção geral.

1.2. Demografia

Segundo HAUSER & DUNCAM, Demografia é o estudo do tamanho, da distribuição territorial e da composição da população, das mudanças e dos componentes dessas mudanças, estes últimos podem ser identificados como natalidade, movimentos territoriais (migração Segundo Hauser) e mobilidade social (mudanças de status).

2.      Teorias demográficas

Os índices de crescimento populacional  são, há muito tempo, alvo de estudos e preocupações por parte de demógrafos, geógrafos, sociólogos e economistas. Há, assim, diversos estudos e apontamentos sobre o crescimento, a diminuição e a estabilização dos quantitativos populacionais em todo o mundo. Para explicar, de uma forma sistemática, essas dinâmicas, existem as teorias demográficas.

3.      Teoria Natalistas

A teoria Natalista sustenta o nascimento com vida como pressuposto para a aquisição da personalidade. Segundo esta teoria o nascituro possui apenas mera expectativa de vida.

No útero, a criança não é uma pessoa, se não nasce viva, nunca adquiriu direitos, nunca foi sujeito de direitos, (...). Todavia, entre a concepção e o nascimento, o ser vivo pode achar-se em situação tal que se tem de esperar o nascimento para se saber se tem algum direito, pretensão, ação, ou exceção lhe deveria ter tido. Quando o nascimento se consuma, a personalidade começa. (SIMIÃO, 2000)

 

A teoria Natalista prevê que o inicio da personalidade jurídica começa do nascimento coma vida, o que, mais precisamente, será no exato momento em que individuo é expelido do ventre materno, desde que inicie a troca oxicarbónica com o meio ambiente.

Não exige viabilidade, basta o nascimento com vida, sendo os direitos adquiridos somente após o nascimento, bastando a respiração e separação do corpo da mãe. Só depois do nascimento há aquisição de direitos.

BANDEIRA (2004:65) diz que ‟Os natalistas defendem que a força de uma nação na paz como na guerra, depende o número de seus habitantes. Diderot acrescenta que: Uma sociedade quanto mais numerosa for mais poderosa é durante a paz, mais temível é durante a guerra. Corresponde preocupações que não sofrem contestação nos países europeus”.

Dentro desse grande grupo de teorias natalistas ou seja, que defendem o aumento demográfico significa força de trabalho, podem se mencionar as seguintes:

3.1 Os Filósofos Gregos (século III, a.C.)

Mais preocupados com formulação de políticas e leis para população, Platão e Aristóteles discutiam a questão de população óptima em relação à cidade grega, abordavam o problema do tamanho da população do ponto de vista de defesa, segurança e governação, argumentando que a população deveria ser auto-suficiente  e, portanto, possuir território suficiente para suprir suas necessidades, mas não deveria ser em número tão elevado ao ponto de impossibilitar governação constitucional.

Platão (filósofo grego) enfatizava mais a importância da estabilidade da população que o seu crescimento, achava que uma população demasiadamente numerosa levava ao anonimato, o que poderia comprometer a democracia. Também achava que uma população demasiadamente pequena frustraria uma adequada divisão do trabalho e não permitiria uma defesa apropriada da comunidade, (VERRIERE, 1991:89).

Foi o primeiro exponente da doutrina de que a qualidade nos humanos era mais importante do que a quantidade, para manter o tamanho da população desejado, propunha o seguinte:

Em caso de escassez de população, incentivos para aumento da taxa de natalidade e, em última instância, imigração; e em caso de excesso de população, controlo de nascimentos para famílias grandes e, se necessário, colonização.

Aristóteles também filósofo grego e o mais famoso estudante de Platão, defendia que a população de uma cidade não deveria crescer para além dos recursos ao alcance das famílias para o seu próprio sustento. Assim, o número de filhos deveria ser limitado por lei. Uma mulher que estivesse grávida, depois de completar o número de filhos permitido por lei deveria ser sujeita ao aborto, (VERRIERE, 1991:97).

 3.2. Os Romanos

Viam as questões de população na perspectiva de um grande império, e não à escala de uma pequena cidade, abordavam a questão de crescimento populacional em termos de suas vantagens para os propósitos militares e os relacionados.

Na luz de VERRIERE (1991:97), ‟A legislação romana da época era a favor de crescimento da população; não aprovação do celibato; consideração do casamento como primária e fundamental para a procriação; incentivos financeiros para casais e com crianças (com o objectivo de elevar o índice de casamentos e a taxa de natalidade) ”.

No Império Romano, os reinados de Julius e Augusto César foram marcados por doutrinas claramente pró-natalistas. O crescimento da população era visto pelos imperadores como um meio necessário para a reposição das perdas de guerra e de garantir população suficiente que ajudasse a colonizar o império.

Muitos escritores da época defendiam a manutenção de uma alta taxa de natalidade, devido à elevada mortalidade e ao receio constante de uma subida perda de população (através da fome, epidemias e guerras).

Portanto, a oposição ao controlo da natalidade devia-se não apenas à doutrina da igreja, como também a um receio de perda da população.

3.3 Vista dos Autores Muçulmanos Sobre População

 No século XIV, um dos maiores historiadores e filósofos árabes, Ibn Kkaldun, escrevia sobre os benefícios de uma população crescente. O crescimento da população gerava a necessidade para a especialização das ocupações. A especialização das ocupações levava a rendimentos altos, concentrados especialmente nas cidades.

VERRIERE (1991:117), diz que a procriação era um processo natural e normal, através do qual as sociedades evoluíam e se transformavam. Ibn Khaldoun argumentava que uma população numerosa levava a níveis de vida elevados, dado que permitia uma grande divisão do trabalho, um uso mais efectivo de recursos, segurança militar e política.

Ascensão do comércio (resultante em parte do crescimento da população) gerou a Doutrina do Mercantilismo entre os novos Estados-Nações da Europa.

3.4. Os Mercantilistas

Os Mercantilistas defendiam que a riqueza das Nações era determinada pela quantidade de metais preciosos em sua posse, que eram obtidos através da exportação de mais bens do que eram importados, com a diferença (o lucro) sendo investida em metais preciosos, sua ideia era de que quanto mais trabalhadores se tivesse, mais se produziria, portanto, viam o crescimento da população como essencial para o aumento do rendimento nacional.

VERRIERE (1991:127) acredita que ‟Os escritores mercantilistas encorajavam o crescimento da população, propondo várias medidas que incluíam”:

ü  Incentivos para casar;

ü  Redução de penas para nascimentos ilegítimos;

ü  Limitação da emigração;

ü  Promoção de imigração para trabalhadores produtivos.

 A Doutrina Mercantilista dizia o seguinte:

A nação que se tornasse a mais forte em bens materiais e em homens, sobreviveria. As nações que perdessem na batalha económica teriam suas populações reduzidas pela carência, ou seriam obrigadas a recorrer a guerra, na qual suas chances de sucesso seriam pequenas. A guerra, porém, mataria muitos e tornaria a condição dos sobreviventes mais tolerável.

Seu enfoque central é o poder e a riqueza do Estado; consideram, como principais meios para o alcance do poder e da riqueza; a expansão do comércio externo e o desenvolvimento da manufactura.

Botero, um dos autores da doutrina Mercantilista defendia que a força do Estado estava na sua população e na predominância da indústria sobre a agricultura, contudo, notou que a população tendia a crescer à custa da fecundidade humana, enquanto os meios de subsistência e sua capacidade de aumentar eram limitados, impondo, portanto, um tecto sobre o crescimento da população.

Botero, acredita que o limite do crescimento populacional impunha-se, através de:

Pobreza que desencorajava casamentos; e calamidades periódicas (tais como guerras e pestes).

3.5. Teoria reformista ou Marxista

As refutações à teoria malthusiana no contexto das teorias demográficas não tardaram em aparecer. A principal delas atribui-se às derivações do pensamento de Karl Marx e recebeu o nome de teoria reformista ou marxista. Para essa concepção, não era o excesso populacional o responsável pelas condições de miséria e pobreza no espaço geográfico, mas sim as desigualdades sociais, como a concentração de renda no contexto da produção capitalista.

‟ Eles propõem uma melhor distribuição de renda e de alimentos, o aumento da escolaridade que ocasionariam num planejamento familiar espontâneo e consequente queda da natalidade e do crescimento populacional, por (SZMRECSÁNYI, 1980: 29)."

Ela analisa os problemas demográficos, tendo como referência as condições socioeconômicas da população, defendendo a necessidade de se enfrentar as questões sociais e econômicas dos países para que a dinâmica demográfica entre em equilíbrio. À medida que as famílias obtêm condições dignas de vida, tendem a diminuir o número de filhos para não comprometer o acesso de seus dependentes aos sistemas de educação e saúde.

As elevadas taxas de natalidade, não são causa do atraso e da pobreza dos países periféricos, mas sim uma consequência. Os miseráveis não são responsáveis por sua miséria por terem muitos filhos. Nos países desenvolvidos economicamente onde o padrão e a qualidade de vida da população são bastante elevados, a redução das taxas de natalidade ocorreu naturalmente e paralelamente à qualidade de vida dessa população.

  O atraso e a pobreza também têm origens nos processos históricos desses países tradicionalmente periféricos e nas suas relações com as áreas centrais do capitalismo, ou seja, a divisão internacional do trabalho ou da produção, em seus diferentes momentos. O maior contraceptivo está relacionado aos investimentos públicos nas áreas sociais, especialmente na saúde, infra-estrutura e educação, (SZMRECSÁNYI 1980:34).

4.      Teoria Anti-Natalista

A teoria Anti-natalista defendem que a pobreza e a miséria da vida nos países subdesenvolvidos são causadas pelo crescimento demográfico, os anti-natalistas defendem que é preciso controlar os nascimentos.

4.1.Teoria Malthusiana

É a mais conhecida dentre elas, foi elaborada por Thomas Robert Malthus, um pastor protestante e economista inglês que, em 1798, publicou uma obra chamada Ensaio sobre o princípio da população. O seu trabalho refletia de certa forma, as preocupações de sua época, e é preciso melhor entender o contexto histórico sobre o qual as premissas malthusianas foram elaboradas.

A Inglaterra do século XVIII havia iniciado o processo de Revolução Industrial, o que contribuiu para um rápido crescimento das populações das cidades industrializadas, notadamente Londres. O número de habitantes dobrava em algumas dezenas de anos, o que, somado aos baixos salários e às precárias condições de trabalho e moradia, contribuía para o aumento da miséria e da pobreza nos centros urbanos europeus. Diante disso, Malthus, em sua teoria demográfica, considerou que os problemas sociais estavam relacionados com o excesso de população no espaço das cidades. MADEIRA (1980).

 

Malthus observou que o crescimento populacional, entre 1650 e 1850, dobrou decorrente do aumento da produção de alimentos, das melhorias das condições de vida nas cidades, do aperfeiçoamento do combate as doenças, das melhorias no saneamento básico, e os benefícios obtidos com a Revolução Industrial, fizeram com que a taxa de mortalidade declinasse, ampliando assim o crescimento natural. (GEORGE 1980:68),

Preocupado com o crescimento populacional acelerado, Malthus publica em 1798 uma série de ideias alertando a importância do controle da natalidade, afirmando que o bem-estar populacional estaria intimamente relacionado com crescimento demográfico do planeta. Malthus alertava que o crescimento desordenado acarretaria na falta de recursos alimentícios para a população gerando como consequência a fome.

Thomas Robert Malthus baseou a sua teoria em dois princípios:

 

ü  A população cresce segundo uma progressão geométrica (2, 4, 8, 16…) enquanto que os recursos, mesmo nas condições mais favoráveis, crescem segundo uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4…) não acompanhando o crescimento demográfico. Para Malthus, a fome e a miséria eram resultantes dessa desproporção.

No final do século XIX, as teorias Malthusianas começaram a ser esquecidas. O desenvolvimento da tecnologia agrícola aumentou o índice de produção de alimentos, o avanço da medicina, as condições económicas e sociais dos países foram melhorando e as taxas de natalidade foram caindo. Actualmente, todos os países desenvolvidos apresentam níveis baixos de crescimento vegetativo.

É nesta ordem de ideias que SINGER (1976:87) diz:

Malthus acreditava que, caso nenhuma providência fosse tomada para deter a explosão demográfica, e dada a suposição de que a taxa de variação na produção de alimentos não poderia sequer acompanhar a da população, o resultado natural seria miséria, fome, morte. Em decorrência, ainda, das precárias e cada vez piores condições de salubridade nas moradias e nos locais de trabalho, epidemias e pestes teriam curso livre entre os infelizes se estes não morressem antes em alguma guerra.

Com base nos estudos feitos por Malthus, concluiu que inevitavelmente a fome seria uma realidade caso não houvesse um controle imediato da natalidade.

A solução defendida por Malthus seria:

ü  A sujeição moral de retardar o casamento

ü  A prática da castidade antes do casamento

ü  Ter somente o número de filhos que se pudesse sustentar.

Malthus resume e conclui a parte teórica de sua exposição com três proposições:

ü  A população está limitada necessariamente pelos meios de subsistência;

ü  A população cresce invariavelmente sempre que crescem os meios de subsistência, a não ser que obstáculos poderosos e claros a detenham;

ü  Estes obstáculos podem agrupar-se em três categorias: a restrição moral, o vício e a desgraça.


Pontos convergentes:

Para Malthus, a fome e a miséria eram resultantes do elevado crescimento populacional. A solução, portanto, estava no controle da natalidade. No ponto de vista dele argumenta: só procriam os mais aptos (os mais abastados economicamente), que corresponde à teoria segregacionista (ponto de vista socio-económico).

Tendo como a convergencia da teoria Neomalthusiana defendia a implantação de políticas de controle de natalidade nos países subdesenvolvidos a partir da utilização dos diversos métodos anticoncepcionais. Para os neomalthusianos, o crescimento da população provocava o atraso do crescimento económico.

Teorias Demográficas

As inúmeras teorias surgiram para tentar explicar o crescimento populacional, dentre elas destacam-se: a Teoria Malthusiana, Reformista e Neomalthusiana.

 

Pontos divergentes:

 

Em oposição à Teoria Malthusiana, tendo como veia principal a idéia de que a miséria é provocada pela má distribuição de renda, ela defendia que, Os reformistas atribuem aos países desenvolvidos a responsabilidade pelo atraso dos países pobres, face à contínua e severa exploração imposta a esses. Como forma de resolver a pobreza e o crescimento demográfico, defende a adoção de reformas socioeconômicas que, por sua vez, seriam responsáveis pela redução do crescimento demográfico. Eles citam o exemplo dos países desenvolvidos, cuja redução do crescimento só foi possível após a adopção de reformas socio-económicas e consequente melhoria do padrão de vida das suas populações.

Para os Neomalthusianas, Para os neomalthusianos, o crescimento da população provocava o atraso do crescimento económico. Com isso, a teoria afirma que: o excesso de filhos causa pobreza o alto crescimento vegetativo canaliza muitos recursos para saúde e educação dos jovens, comprometendo os investimentos nos sectores produtivos e dificultando o desenvolvimento do país solução: controle rígido e oficiais da natalidade (planeamento familiar.




BANDEIRA, M. Mário. Demografia objecto métodos. Lisboa 2014.

GEORGE, Pierre. Geografia da População. Zahar Editores. Rio de Janeiro 1980.

MADEIRA, Felícia R. Dinâmica da População. São Paulo 1980.

SINGER, Paul. Dinâmica Populacional e Desenvolvimento. São Paulo. 1976.

SZMRECSÁNYI, et al. Dinâmica da População. São Paulo. 1980.

SEMIÃO, Sergio Abdalla. Os Direitos do nascituro: aspectos cíveis, criminais e do biodireito. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2000.

VERRIERE, Jacques. As Políticas da População. Editora Bertrande, Rio de Janeiro. 1991.






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